domingo, 3 de março de 2024

Datas Especiais: 50 anos da apresentação do Secos & Molhados no Maracanãzinho

Por Micael Machado

Há exatos cinquenta anos, em 10 de fevereiro de 1974, uma banda nacional se apresentava pela primeira vez como uma atração "solo" (sem o suporte de outras atrações ou de artistas convidados para "ajudar" a "chamar" ao público) no Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Até então mais utilizado, em termos musicais, para finais de festivais (com diversas atrações diferentes ao longo das noites, e, por vezes, nomes internacionais para atrair mais atenção), uma apresentação única de apenas um artista no local parecia, para a época, algo muito ousado, e, sem dúvidas, um tanto arriscado, tanto financeiramente quanto artisticamente. Financeiramente, a dúvida era: conseguiria uma única atração levar pelo menos trinta mil pessoas para o estádio, capacidade estimada então para o local, e, assim, lotar o mesmo (algo inédito até então para os artistas brasileiros)? Já do lado artístico, a dúvida era em como conseguir, com as condições tecnológicas da época, "entregar" um espetáculo visual e auditivo compatível com as dimensões exageradas da edificação, fazendo com que o público pudesse ver e ouvir à apresentação com, pelo menos, um mínimo de qualidade? 

Pois foram estes desafios que o Secos & Molhados, incentivados por seu empresário da época, o jornalista e produtor musical Moracy do Val, toparam enfrentar naquele começo de ano. Este artigo não pretende relatar fielmente o que ocorreu naquela noite (até porque registros em vídeo da apresentação são raros de encontrar, e este escriba sequer tinha nascido na data em que tudo ocorreu), mas sim marcar esta data histórica para a música nacional, afinal, foi a partir deste show que os ginásios de esportes ao longo do país começaram a ser verdadeiramente considerados como "viáveis" para shows individuais de artistas nacionais, e, se hoje temos apresentações de artistas consagrados (tanto nacionais quanto internacionais) em estádio de futebol ou em palcos gigantes como o dos mega festivais, tenho convicção de que muito se deve ao que ocorreu naquela noite e naquele local cinquenta anos atrás.

Segundo o livro Primavera nos Dentes, do escritor Miguel de Almeida, foi Moracy quem deu a ideia da apresentação do grupo no Maracanãzinho. Até então, fazia pouco mais de seis meses que o disco de estreia da banda havia sido lançado no mercado, e já estava "estourado" em todo o país, com o álbum vendendo mais de um milhão de cópias em pouco tempo, "batendo todos os recordes de vendagens de discos e público", segundo a wikipedia. O sucesso do disco se refletiu nos shows, cujo número de presentes nas apresentações vinha aumentando gradativamente, saindo das iniciais 50 ou cem pessoas nos shows do começo de carreira para números que ultrapassavam os seis mil pagantes em lugares como Brasília, Recife, Salvador e outras do interior do estado de São Paulo. Foi a presença do grupo nos ginásios esportivos destes municípios (únicos locais com capacidade para suportar a quantidade de gente que queria ver a banda ao vivo na época) que convenceu Moracy de que seria possível lotar o Maracanãzinho apenas com o público do Secos & Molhados, sem precisar de outras atrações. Com a aceitação dos demais membros do grupo (a saber, Ney Matogrosso na voz, João Ricardo na voz, violões e harmônica, e Gérson Conrad na voz e no violões), começou então a empreitada para fazer a coisa "acontecer" de verdade.

Secos e Molhados no show do Maracanãzinho, 1974. Fonte: Revista TRIP

João Ricardo e Moracy do Val se reuniram com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor geral da Rede Globo, já à época a emissora mais poderosa do país, e que, meses antes, havia sido peça importante da história da banda ao impulsionar seu nome para todo o Brasil através da exibição dos clipes de "Sangue Latino" e "O Vira" no programa "Fantástico", em uma marcante noite de domingo de setembro de 1973. Boni duvidou do sucesso da empreitada proposta pelos dois, mas aceitou promover o show em troca da gravação do espetáculo, que, aparentemente, chegou sim a ser filmado, mesmo que poucos registros (ainda com imagens em preto e branco) tenham sobrevivido até hoje, e que eu não tenha conseguido nenhuma evidência de que algum especial tenha sido exibido à época (ou depois) pela Rede Globo. O áudio da apresentação existe, mas falaremos dele mais adiante.

Outro obstáculo para a realização do show foi o medo dos bombeiros cariocas com relação à segurança e integridade do público. A preocupação da corporação exigiu, segundo o já citado livro Primavera nos Dentes, maiores distâncias do que o inicialmente previsto separando palco e plateia, maiores divisões nas arquibancadas, novas posições para grades de proteção, e a criação de mais saídas de emergência. Com tudo isso, a capacidade do local foi reduzida para vinte mil pessoas, ainda assim, um número imenso de presentes perto do que reuniam os shows dos artistas nacionais na época. Todos os ingressos foram vendidos, e estima-se que milhares de não-pagantes ficaram do lado de fora do ginásio (na wikipedia, há a citação de que 90 mil pessoas teriam ficado nas cercanias do local, número que me parece exagerado, mas que não duvido ter sido possível).

Mesmo com a qualidade do som não sendo lá "essas coisas", o Secos & Molhados, composto então, ao que consegui averiguar, além dos três membros principais, por Emilio Carrera no piano e no órgão, John Flavin na guitarra, Marcelo Frias na bateria e percussão, Sergio Rosadas na flauta e Willy Verdaguer no baixo, subiu ao palco pouco depois das nove horas da noite, e, também segundo o citado livro, fez uma apresentação de pouco mais de uma hora, com duas músicas no bis: "Mulher Barriguda" e "Sangue Latino". No início do espetáculo, houve um momento de tensão, quando as pessoas tentaram se aproximar do palco, mas foram contidos por um cordão policial, que começou a empurrar o pessoal de volta para as arquibancadas. Incomodado com a situação, Ney parou de cantar, sendo imediatamente seguido pela banda, que ficou em silêncio até os policiais "aliviarem" e permitirem uma maior liberdade de movimentação do público pelo local, que pôde então se aproximar mais de seus ídolos no palco.

A reedição da Polysom para o vinil com a gravação do show

Mesmo com tantos problemas de organização e execução, o show foi considerado um sucesso, sendo até então o recorde absoluto de público para um grupo nacional no país. Seis anos depois, já com o trio principal afastado, a gravadora Continental lançou um registro em vinil com pouco mais de meia hora de áudios gravados naquela noite. Por anos ouvi que este seria "extremamente mal gravado", "sem boa definição sonora", e um registro "apenas para colecionadores". Como o vinil original se tornou uma raridade muito buscada pelos apreciadores dos bolachões (que, para o terem em suas coleções, sempre tiveram de estar dispostos a investir pequenas fortunas na aquisição de uma cópia do mesmo), nunca cheguei a ouvir a edição original (pelo menos, não que me lembre), mas uma reedição do ano passado feita pela Polysom me permitiu adquirir uma cópia do mesmo, e perceber que, pelo menos neste relançamento, o áudio não é tão "desgracento" assim como a lenda dizia (tenho bootlegs de bandas bem maiores gravados em condições muito piores), servindo, ao menos, para que se possa ter uma ideia da sonoridade da banda naquela noite. As nove canções presentes no registro são apenas um aperitivo para os fãs do grupo, mas não são de forma alguma "desprezíveis", como muitas vezes vi as pessoas se referirem a este álbum (a própria Polysom colocou no encarte da reedição que o registro "apresenta algumas imperfeições técnicas", mas que "o valor documental e a raridade desta obra justificam esse relançamento"). Minha maior reclamação é a "mutilação" efetuada na faixa final, "O Vira" (da qual apenas uma pequena parte aparece no vinil), e a ausência da versão em espanhol para "Sangue Latino", presente em um vídeo de oito minutos facilmente encontrável no youtube quando escrevo este texto.

É na contracapa deste disco de 1980 que um texto de Gérson Conrad coloca que a noite teve "tantos detalhes, como gente que gritava emocionada, que chorava, que desmaiava, que agredia, que atirava flores, que xingava... tudo isso era tão forte e mágico que, quando saímos de cena, não acreditávamos ter conseguido". Pois conseguiram, e realizaram algo tão marcante que, como escrevi antes, mudaria para sempre o cenário musical do país, e possibilitaria que os espetáculos artísticos no Brasil viessem a nos proporcionar emoções múltiplas e variadas nos cinquenta anos que se passaram desde aquela noite, no mínimo, histórica, passada em um Maracanãzinho lotado!

Deep Purple: Cinco Músicas Injustiçadas

Por Micael Machado

Seguindo a ideia do nosso colega André Kaminski, que, há poucos meses, elencou cinco músicas do Iron Maiden que, na sua opinião, seriam "injustiçadas", venho listar aqui cinco canções do seminal grupo Deep Purple que considero que podem ser "encaixadas" na mesma categoria. Os critérios que segui ao selecionar as faixas foram: as músicas não podem ter sido lançadas como single; não podem constar do track list de álbuns ao vivo oficiais (nem de bootlegs que eu conheça); não podem constar de coletâneas oficiais do grupo (pelo menos, não das mais famosas); não podem ter recebido versões de outros artistas (pelo menos, não ter recebido versões de grande repercussão no meio musical); serem músicas que me agradem mais do que outras bem mais "famosas" do que elas (o que, no caso de Deep Purple, nem é tão difícil assim, pois tem muito hit da banda que nem chega a chamar minha atenção), e que, desta forma, eu julgue que mereciam mais atenção do que receberam por parte tanto da imprensa quanto dos fãs (e, por vezes, da própria banda). Sendo assim, vamos à minha relação (em ordem cronológica), e, se puder, deixe a sua nos comentários!

1. The Painter (Deep Purple - 1969)

O terceiro registro da MKI foi o que levei mais tempo para obter uma versão em vinil (embora tenha conseguido uma cópia em CD ainda na década de 1990), e sempre foi o meu favorito desta fase. Uma das faixas de maior destaque do disco, para mim, é "The Painter", onde, em pouco menos de quatro minutos, a banda antecipa a sonoridade da MKII alguns meses antes de oficializar a troca de seus integrantes. Com um ritmo que me remete à "Black Night" (tendo também algo de "Hush" ali no começo), a última faixa do lado A (que vinha emendada à "estranha" "Fault Line") dá espaço tanto para Blackmore quanto para Jon Lord deixarem solos marcantes, ainda que curtos para os padrões que o grupo adotaria pouco tempo depois. Segundo o Discogs, a faixa apareceu em uma coletânea chamada The Best Of Deep Purple em 1972, numa edição lançada apenas nos Estados Unidos. Como eu nem sabia da existência desta compilação, e como ele não foi lançado mundialmente, vou "burlar" a regra que diz que a música não pode constar de lançamentos deste tipo, e incluir esta faixa que, a meu ver, deveria ser mais ouvida e comentada pelos fãs do grupo!

2. Flight Of The Rat (Deep Purple In Rock- 1969)

In Rock foi um dos primeiros discos do Purple que ouvi, sendo, ainda hoje, o meu favorito em sua discografia. "Flight Of The Rat" é, possivelmente, a minha faixa favorita não só deste disco, como de toda a carreira da banda, e, que eu saiba, nunca foi interpretada ao vivo pelo grupo (nos discos ao vivo que conheço da turnê do álbum, tanto oficiais quanto bootlegs - e olha que são vários -, ela nunca apareceu, pelo menos). Uma das poucas faixas do grupo com solos (ainda que curtos) de quase todos os instrumentistas (apenas Glover não tem seu momento "solitário"), além de uma excelente performance vocal por parte de Gillan, nunca entendi porque ninguém parece considerar os quase oito minutos desta faixa no mesmo nível de excelência que eu! Novamente, segundo o Discogs, ela chegou a ser lançada como single na Nova Zelândia, e fazer parte da coletânea tripla The Platinum Collection, de 2005. Como no caso anterior, vou fingir que não sabia desta informação, e incluir esta pérola (que, para mim, é a mais injustiçada desta lista) nesta relação! Espero que compreendam...

3. 'A' 200 (Burn - 1974)

Esta faixa sempre chamou minha atenção não só por ter sido um dos primeiros temas instrumentais do grupo que ouvi (Burn foi um dos primeiros álbuns da banda que conheci), mas, principalmente, pelo trabalho de Jon Lord ao longo de sua duração. O músico, sempre mais lembrado por mim por suas mágicas "peripécias" no órgão Hammond, aqui brinca e (se) diverte com diversos sintetizadores, numa faixa onde a marcação quase "marcial" da cozinha deixa espaço para ele brilhar como poucas vezes na carreira da banda. E o que é o solo de Blackmore na parte final? Nunca entendi porque ela não constava das apresentações ao vivo do Purple, e nem mesmo Glenn Hughes, que, nos últimos anos, tem feito shows "especiais" em tributo ao seu tempo no grupo e a este álbum específico, se dedicou a incluí-la nos repertórios de suas apresentações. Se é para reclamar de algo nesta faixa, é apenas do "fade out" no final, que parece ter nos privado de mais alguns segundos (ou minutos) nesta viagem musical que encerra o melhor álbum da MKIII.

4. Comin' Home (Come Taste the Band - 1975)

Come Taste the Band, o único registro em estúdio da MKIV, é um álbum que levei anos para realmente entender e gostar. Muita gente o acusa de ser muito bom, mas não se parecer com um "disco do Deep Purple". Seja lá o motivo desta afirmação, ela certamente não pode se aplicar à sua faixa de abertura. Hard rock direto, pesado e sem muitas variações, com um piano muito bem colocado por Lord e partes de guitarra mais "pesadas" do que o restante do disco, "Comin' Home" foi, ao que consta, executada pouquíssimas vezes pela banda durante a turnê de divulgação do álbum, e não aparece em nenhum dos discos ao vivo desta época. Pelos meus critérios iniciais, não poderia constar aqui, pois, novamente segundo o Discogs, aparece na coletânea The Collection de 1997 (além de ter sido lado B do single para "You Keep On Moving" no Japão, de ser faixa bônus em algumas edições do The Purple Album, do Whitesnake, e de fazer parte de outra coletânea, Purple Hits - The Best Of Deep Purple, lançada na Finlândia em 2003). Mas, quer saber, não tinha como eu deixar esta faixa de fora desta lista, então, pro espaço (mais uma vez) com as regras!

5. The Spanish Archer (The House of Blue Light - 1987)

Na minha opinião, The House of Blue Light é um dos piores registros da carreira do Deep Purple. Pouca coisa se salva de seus sulcos, e, deste pouco, boa parte está nos quase cinco minutos desta faixa. Para mim, a melhor participação de Blackmore neste retorno da MKII (que inclui o disco anterior, Perfect Strangers), com passagens de música clássica no refrão, e solos e mais solos do "homem de preto", que parece estar participando, nesta faixa, em um disco do "seu" Rainbow, e não do de uma banda "coletiva" como o Purple sempre foi. O que o genioso (e genial) guitarrista faz ao longo da duração desta faixa é digno de figurar bem alto nos melhores momentos de sua carreira. Mesmo assim, ela não aparece no álbum ao vivo oficial da turnê (o também fraquíssimo Nobody's Perfect, de 1988), e, que eu saiba, nem chegou a ser executada ao vivo. Novamente me valendo do Discogs, vi que esta faixa aparece na coletânea The Universal Masters Collection - Classic Deep Purple, de 2003, e em uma outra chamada The Deep Purple Collection, lançada na Alemanha, Áustria e Suíça em 2011. Mais uma vez, fiz de conta que não sabia disso, porque simplesmente tinha de incluir "The Spanish Archer" nesta relação.

Não incluí nenhuma música da fase Steve Morse (seja com Lord ou Airey nos teclados) na lista, pois há muitos discos ao vivo desta época, e quase todas as músicas que eu considero realmente boas gravadas pelo Purple com este guitarrista podem ser encontradas em algum destes registros (embora uma das melhores, "The Aviator", só conste em um deles, ao que eu saiba - o bastante recomendável Live In London 2002, de 2021). Slaves and Masters não merecia sequer ter o nome Deep Purple na capa, que dirá ter uma música nesta lista, e a Mark IX, com o guitarrista Simon McBride, ainda não lançou nenhum álbum oficial, portanto, não se "habilitou" a ter algo na lista.

Havia algumas faixas que eu gostaria muito de ter incluído aqui, mas os critérios que adotei me impediram. Por exemplo:

- Da MKI, "Listen, Learn, Read On" ou "Shield" foram minhas escolhas iniciais, mas a primeira chegou a ser lançada como single (além de aparecer em algumas coletâneas), e a segunda aparece nas bem conhecidas coletâneas Anthology, de 1991, e Purple Passages, de 1972, o que as desqualificou;

- Da primeira fase da MKII, "Rat Bat Blue" sempre foi uma faixa que penso que merecia mais atenção do que recebe. Mas, como ela aparece na famosa coletânea A Fire In The Sky, de 2017 (além de ter sido "lado A" de EP na Tailândia, e "lado B" do single para "Woman From Tokyo", segundo o Discogs), acabou desqualificada para aparecer na lista;

- A segunda versão da MKII, nos anos 1980, deixou uma espetacular  faixa instrumental chamada Son of Alerik, que pouca gente ouviu, infelizmente. Eu a conheci na coletânea Knocking at Your Back Door: The Best of Deep Purple in the 80's, de 1992, mas, segundo o Discogs, ela foi lado B tanto do compacto para "Knocking at Your Back Door" quanto para o de "Perfect Strangers". Sendo assim, não preencheu os requisitos necessários para estar nesta lista, embora tenha qualidades para tal;

- A lindíssima "Holy Man" poderia muito bem representar a MKIII nesta lista, mas, como ela aparece em várias coletâneas (segundo o Discogs), e foi regravada pelo Whitesnake no já citado The Purple Album, acabou ficando de fora;

"Drifter" ou "Love Child" poderiam ser as representantes da MKIV na lista, pois são tão pouco lembradas quanto a que escolhi. Mas ambas tem versões ao vivo oficiais nos discos que registram a passagem de Tommy Bolin pelo grupo, além de aparecerem aqui e ali em coletâneas do grupo, o que acabou as afastando da lista final (embora para ser honesto, "Comin' Home" sempre tenha sido minha escolhida para representar esta fase).

Como bem escreveu o André na sua lista de "injustiçadas" do Iron Maiden, tenho certeza que o caro leitor também tem as suas faixas favoritas que nem a banda, nem a imprensa e nem outros fãs do Purple dão tanta atenção e dedicação quanto você. Fique a vontade para comentar as minhas escolhas e, claro, colocar as suas também no campo de comentários abaixo. Seguindo os critérios que estabeleci, ou não! Topam o desafio?