terça-feira, 23 de abril de 2013

Review Exclusivo: Paul Di'Anno (Porto Alegre, 19 de abril de 2013)


Por Micael Machado

Dois discos gravados há mais de trinta anos foram o suficiente para escrever eternamente o  nome do inglês Paul Di'Anno na história do Heavy Metal. Responsável pelas vozes nos primeiros discos do Iron Maiden (a estreia auto-intitulada de 1980, e Killers, de 1981), o cantou deixou a banda em 1981 para seguir uma turbulenta carreira sempre ligada ao estilo que lhe consagrou, seja com os reconhecidos grupos Battlezone e Killers, seja em outros projetos de menor expressão e até com alguns discos que levam apenas seu nome.

Sofrendo com alguns problemas de saúde já há algum tempo (como relatado aqui mesmo no site em resenhas de apresentações em 2007 e 2011), o vocalista voltou ao Brasil para sua despedida dos palcos com a excursão The Last Tour, em doze apresentações pelo país tendo como apoio os gaúchos da Scelerata. Na sexta feira, 19 de abril, foi a vez de Porto Alegre dar o seu adeus ao lendário "original Iron Man", como ele já foi chamado algumas vezes!

Divulgando seu mais recente lançamento, o disco The Sniper (eleito pelos leitores da revista Roadie Crew como o segundo melhor álbum nacional de 2012), a Scelerata entrou no palco pouco antes das 24h para fazer o show de abertura, o qual seria registrado para seu primeiro DVD. Apesar das composições do grupo não serem muito do meu agrado, é inegável o talento dos músicos, especialmente o baterista Francis Cassol e os guitarristas Magnus Wichmann e Vinicius Guazelli, este, recém integrado ao line up, e que já demonstrou ser um dos melhores guitarristas do metal gaúcho da atualidade. O vocalista Fabio Juan parece evoluir ainda mais a cada show, e Gustavo Strapazon tem uma presença de palco marcante, com muita movimentação e entusiasmo, além de tocar muito em seu baixo. Os parcos quarenta minutos em que estiveram em cena contagiaram a galera presente em bom número no bar Opinião, especialmente quando interpretaram uma fidelíssima versão para "Master of Puppets", do Metallica, e foram um belo aquecimento enquanto esperávamos a atração principal da noite, cujo show também seria registrado para um DVD!


Scelerata no palco do Opinião

Quase uma hora de espera e as luzes se apagaram para dar início à intro instrumental escolhida para dar início ao show de Paul Di'Anno. Em pé ao fundo do palco, e cercado pelos instrumentistas da Scelerata, Paul começou sua apresentação com "Sanctuary", música cuja versão de estúdio originalmente consta apenas em singles lançados por sua ex-banda, mas que era conhecida por todos os presentes, que nessa hora já superlotavam todas as dependências do bar. Sem dar muito tempo ao público para respirar, o vocalista agradeceu ao pessoal pela presença, soltou o primeiro de muitos "are you ready?" da noite, e emendou "Purgatory", do segundo disco da Donzela de Ferro, e minha favorita naquele lançamento. Esquecida por seus intérpretes originais ao longo dos anos, nunca pensei em escutar este clássico ao vivo, ainda mais na presença do cantor original da mesma (eu ia dizer "da voz original", mas esta já foi para o espaço há muito tempo). Inesquecível, com certeza! Paul disse algumas vezes nesse início de apresentação que, apesar de já ter tocado em muitos lugares, estava bastante nervoso por tocar na cidade natal da Scelerata para um público tão grande, e declarou em certo ponto que não era nenhuma menininha chorona, mas que naquela noite ele gostaria de correr para sua mamãe, em uma afirmação que soou bastante engraçada no momento!

A turnê de 2011 citada acima era anunciada como a última em que Di'Anno cantaria músicas do Iron Maiden, mas é quase impossível pensar em um show do cantor sem os clássicos de sua ex-banda. Ciente disso, Paul parece ter repensado sua decisão, e boa parte dos dois discos de que participou seria interpretada ao longo da noite, para delírio de todos os fãs que ali estiveram! "Wratchild" e "Prowler" deram sequência ao massacre sonoro, seguidas da primeira música da carreira subsequente do inglês, a pesada "Marshall Lockjaw", de sua época com a banda Killers. 

Após esta, Di'Anno se dirigiu aos fãs explicando que aquela seria sua turnê de despedida, devido ao seu joelho estar "totally fucked", necessitando de uma operação (em certo ponto ele chegou a falar em amputação, algo que, espero sinceramente, seja apenas uma brincadeira). A partir daí, seria visível o desconforto do cantor com a dor em seu joelho, à qual ele se referiu diversas vezes antes do final do show, dizendo não poder sequer caminhar naquela noite ("no samba for me tonight", declarou ele a certo ponto), tendo de ficar parado no fundo do palco e por vezes cantar sentado no praticável da bateria ("o que vai ficar ótimo no DVD", como citou). "Não posso andar, mas ainda posso cantar", disse Paul em outro momento, e era visível sua frustração por ter de ficar restrito ao fundo do palco. "Ás vezes eu tenho de me sentar, mas isso não afeta minha voz", falou mais no final do show, e, podem estar certos, a falta de uma "agitação" maior por parte do cantor não foi nenhum problema nesta noite!


Paul e Scelerata em Porto Alegre

Outra música "esquecida" pelo Iron Maiden, a marcante "Murders in the Rue Morgue", foi seguida por "The Beast Arises", durante a qual o microfone de Di'Anno falhou pela primeira vez (ele também deixaria o cantor na mão durante a instrumental "Gengis Khan", em um momento onde ele tentou puxar um "ôôô", sendo traído pelo instrumento, e fazendo com que ele soltasse um sonoro "filha da puta" em alto e bom português mesmo). Apesar de rapidamente substituído, o fato deixou Paul bastante irritado ("a gente tenta fazer um DVD legal e a porra do microfone pifa! O que se pode fazer?"), mas não impediu que a noite continuasse com outra música de sua carreira pós-Iron Maiden, "Children of Madness". É interessante citar a competência dos músicos da Scelerata na execução de todas as canções, que, apesar de clássicas, exigem bem menos técnica do que o material autoral dos gaúchos, sendo que o destaque neste set ficou com o guitarrista Magnus, responsável pela maior parte dos solos durante a apresentação da atração principal, e, como sempre, esbanjando competência.

A maravilhosa "Remember Tomorrow" foi dedicada ao recém falecido Clive Burr, baterista do Iron na época em que Paul estava à frente da banda (e no primeiro disco sem ele), a quem o cantor chamou de "meu irmão" e "o melhor baterista do mundo". Já a canção seguinte foi anunciada como uma música "sobre uma mulher que lhe ensina tudo o que você precisa saber sobre sexo, Charlotte, a putana", em uma engraçada tentativa de Paul se comunicar em português. "Killers" veio em seguida, e "Phantom Of The Opera" encerrou a primeira parte da apresentação, com Di'Anno deixando o palco demonstrando enormes dificuldades para caminhar, apoiado em uma bengala e nas costas de um prestativo roadie, dando passos curtinhos em uma situação muito triste, onde realmente senti pena desta verdadeira lenda viva, que declarou a certa altura do show: "eu dei tudo o que tinha ao heavy metal, e, por tocar tanto e com tanta intensidade, fodi minha perna, e agora não poderei mais me apresentar, algo que sempre adorei. Nunca foi pelo dinheiro que toquei, mas sim pela paixão pela música, algo que não poderei mais fazer". Triste, com toda a certeza!

O problema no joelho deve ter sido a razão para a exclusão de "Iron Maiden" do set (assim como também foram limadas "A Song For You" e "Faith Healer", que chegaram a ser apresentadas em outros shows desta turnê), pois a Scelerata voltou ao palco para interpretar a instrumental "Transylvania". Lá pelo meio dela, Paul retornou ao seu lugar á frente da bateria, novamente apoiado na bengala e no roadie, para apresentar os músicos, agradecer aos fãs uma última vez, explicar denovo que seu joelho estava "finito", e detonar "Running Free", não sem antes se despedir de seus fãs e renegar os gritos de "Paul, Paul, Paul" que a plateia lhe dirigia (segundo ele, era muito bonito, mas esse tipo de coisa deveria ser guardada para verdadeiros rock stars, não para ele). A canção foi dedicada aos "motoqueiros Hells Angels" de Porto Alegre e do mundo, e até o responsável pela produtora Abstratti (que organizou o espetáculo, e a quem agradeço pela atenção dedicada ao pessoal da Consultoria do Rock, tanto no cadastramento quanto no acesso ao local) subiu ao palco para fazer os backing vocals deste clássico! Era o final de uma apresentação memorável, que, com certeza, ficará na lembrança de todos os presentes ali por muito tempo! Após o show, a festa continuou até de manhã, com a apresentação de bandas covers de Ramones, Led Zeppelin e Foo Fighters, mas, como eu tinha de acordar cedo na manhã seguinte, para mim ela terminou quando Paul saiu do palco!


Paul no Opinião
Foto por Aline Jechow, disponível na página do facebook da Opinião Produtora

Fica a torcida para que Di'Anno se recupere e consiga um dia voltar aos palcos, visto que esta não é a primeira vez que ele anuncia aposentadoria. Mesmo paradão, demonstrando sentir muita dor a cada final de música, com a voz longe do que era nos áureos tempos e sem poder agitar muito, o carisma e a presença de palco de alguém como ele não podem ficar ausentes do showbizz atual, dominado por tantos artistas criados em laboratório e mais interessados na fama e no dinheiro do que em seus fãs. Podem estar certos de que este não é o caso de Paul Di'Anno, um artista marcante que, se tiver de se ausentar permanentemente dos holofotes, com certeza fará muita falta! Quem pode assisti-lo ao vivo pelo menos uma vez, há de concordar comigo!

"I'm running free, I'm running free"...

Set List:


1. Sanctuary
2. Purgatory
3. Wrathchild
4. Prowler
5. Marshall Lockjaw
6. Murders in the Rue Morgue
7. The Beast Arises
8. Children of Madness
9. Genghis Khan
10. Remember Tomorrow
11. Charlotte the Harlot
12. Killers
13. Phantom of the Opera

Encore

14.Transylvania
15. Running Free

domingo, 21 de abril de 2013

Jimi Hendrix - People, Hell & Angels [2013]


Por Micael Machado

O guitarrista Jimi Hendrix era um maníaco por estúdio. Dizem que era comum o músico passar horas em uma sala de ensaios tocando, improvisando, criando e registrando tudo o que sua fértil mente inventava em termos musicais. Desde sua morte, em 1970, diversos álbuns compilando parte destas gravações surgiram no mercado, e, desde que sua família ganhou os direitos sobre estes registros em 1995, passaram a ter um caráter "oficial" na discografia do norte americano. O mais novo destes lançamentos é People, Hell & Angels, anunciado como mais um álbum de inéditas do mestre.

Mas o disco não é bem isso. Algumas faixas já estavam, inclusive, disponíveis em alguns dos muitos lançamentos anteriores, como "Earth Blues" (cuja versão é a mesma utilizada em First Rays of the New Rising Sun, de 1997, porém aqui sem alguns overdubs daquela), "Crash Landing" (que deu nome a um álbum de 1975), "Hey Gypsy Boy" - que sob o nome "Hey Baby (New Rising Sun)" pode ser encontrada em Midnight Lightning, de 1975, além de também fazer parte de First Rays - ou "Mojo Man", que,apesar de soar como nova, foi lançada como single em 2011 pela dupla Ghetto Fighters (que chegou a fazer algumas gravações com Hendrix, como nos backing vocals de "Freedom").


Billy Cox, Jimi Hendrix e Buddy Miles - a Band Of Gypsies

Com exceção de "Inside Out", espécie de rascunho para "Ezy Ryder" registrada em 1968 (com Jimi também no baixo e Mitch Mitchell na bateria) e da citada "Mojo Man" (gravada em 1970), quase todas as demais faixas são versões alternativas gravadas ao longo de 1969 para composições que já apareceram em outros álbuns póstumos (a maioria registrada aqui com Jimi ao lado da  Band Of Gypsies, ou seja, Billy Cox no baixo e Buddy Miles na bateria), como o cover para "Bleeding Heart", de Elmore James, que dentre outras possui uma versão em Valleys of Neptune (2010), "Hear My Train a Comin'", que aparece em diversos álbuns, seja ao vivo ou em estúdio (embora aqui possua um arranjo mais rápido que o normal), "Somewhere" (que faz parte do box set The Jimi Hendrix Experience, de 2000, mas que aqui tem Stephen Stills no baixo)"Izabella" (que está no track list de First Rays of the New Rising Sun) e "Easy Blues" (encontrada em Nine to the Universe, de 1980), sendo que estas duas aparecem aqui em raros registros de estúdio da Gypsy Sun and Rainbows, o grupo que acompanhou Hendrix no festival de Woodstock, e que tinha Mitchell na bateria, Cox no baixo e Larry Lee na guitarra base, além de Jerry Velez e Juma Sultan nas congas. Como "Villanova Junction Blues" é pouco mais que uma vinheta instrumental de menos de dois minutos, sobra "Let Me Move You", composição funkeada que apresenta Lonnie Youngblood na voz e saxofone, como única faixa realmente "inédita" neste lançamento, o que, convenhamos, é muito pouco.


Gypsy Sun and Rainbows em Woodstock

É um álbum ruim? Longe disso, afinal, o talento de Jimi Hendrix como compositor, guitarrista e, por que não, cantor, era suficiente para fazer soar interessante até simples brincadeiras de estúdio (o que não é o caso de nenhuma das faixas presentes aqui, que fique claro). As composições são todas de alto nível, e sempre valem a pena serem ouvidas e apreciadas. Apenas não justificam, a meu ver, todo o alarde criado em cima de mais uma "novidade" no catálogo do mestre, algo que o lançamento mais recente (o citado Valleys of Neptune), por exemplo, possuía com sobras. Mas, se você for fã de Hendrix (e alguém não é?), pode conferir sem medo. Apesar da sensação de "já ouvi isso antes em algum lugar", sua satisfação será garantida!

"Every mornin' I can hear out of my window the blues come winning"

Track List:


1. "Earth Blues"
2. "Somewhere"
3. "Hear My Train a Comin'"
4. "Bleeding Heart"
5. "Let Me Move You"
6. "Izabella"
7. "Easy Blues"
8. "Crash Landing"
9. "Inside Out"
10. "Hey Gypsy Boy"
11. "Mojo Man" 
12. "Villanova Junction Blues"

Sound City, o documentário dirigido por Dave Grohl [2013]


Por Micael Machado

Fleetwodd Mac, Rick Springfield, Johnny Cash, Neil Young, Billy Joel, Tom Petty, Cheap Trick, REO Speedwagon, Fear, Dio, Rob Halford, Ratt, Guns And Roses, Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Frank Black and the Catholics, Nine Inch Nails, Queens of the Stone Age, Rage Against the Machine... O que todos estes grupos e artistas têm em comum?

Uma das respostas possíveis é que todos tiveram algum disco registrado no estúdio Sound City. Situado na cidade de Los Angeles, o local funcionou desde o final dos anos 1960 até 2011, quando não aguentou a concorrência gerada pelos modernos equipamentos eletrônicos (que permitem até que você faça um álbum dentro de seu próprio quarto), e acabou fechando definitivamente.


O estúdio Sound City

O líder do Foo Fighters, o cantor e guitarrista Dave Grohl, também gravou no Sound City. Como baterista do Nirvana, Dave registrou lá o mítico Nevermind (1991), álbum que mudaria não só a vida do músico, mas do próprio rock alternativo, e daria uma sobrevida ao já então deficitário e antiquado estúdio. Após adquirir alguns dos itens originais do lugar, dentre eles a mesa de controle analógica que era o "coração" do local (um modelo Neve 8028 feito à mão por seu criador, e cuja eficiência e habilidades são exaltadas por todos os que se envolveram com ela em algum momento), Grohl decidiu fazer um documentário contando a história do estúdio, em uma espécie de tributo ao legado que o Sound City deixou para o mundo da música.

Através do depoimento dos artistas e membros dos grupos citados acima, bem como o de produtores que passaram pelo local (como Joe Barresi, Butch Vig, Jim Scott, Nick Raskulinecz, Rick Rubin, Keith Olsen e Ross Robinson), e de antigos administradores e funcionários do estúdio, as memórias do lugar vão surgindo em ordem cronológica na tela, quase sempre com um compreensivo tom saudosista e até mesmo melancólico. Do começo modesto aos "tempos de glória" após o sucesso de Rumours (disco do Fleetwood Mac de 1977) e Working Class Dog (de 1981, lançado por Rick Springfield), passando por muitas bandas locais famosas na segunda metade dos anos 1980, pelo início das dificuldades com a chegada do CD no final daquela década, indo a um segundo auge após o estouro de Nevermind e finalmente chegando ao fim após a popularização do Pro Tools (programa de computador que permite recursos de gravação digital nem de longe sonhados até então na indústria musical, sendo que o Sound City sempre foi um estúdio baseado na gravação analógica em fitas de rolo), casos interessantes e curiosos, aspectos técnicos, lembranças engraçadas e um pouco da história da música nos mais de quarenta anos em que o local esteve na ativa são contados por aqueles que as viveram, sem papas na língua ou falsos moralismos.


Dave Grohl, em cena do documentário


Do músico que se casou com a assistente do estúdio àquele que praticamente morou no local por um tempo, passando pelo produtor famoso que iniciou como faxineiro do lugar e chegando ao que só alcançou a fama após gravar por lá (para não mencionar os que nem eram músicos, mas tiveram seus discos registrados no Sound City, como os atores Telly Savalas e Vincent Price), o documentário escrito por Mark Monroe e dirigido pelo próprio Dave Grohl (em sua estreia neste papel) traz uma visão humana e tocante de um período em que aquele local significava muito na vida de todos os que participam do filme.  Alguns chegam próximo do choro ao contar os fatos que viveram por lá, e outros demonstram sorrisos saudosos ao relembrar de tudo que passaram por ali. Os depoimentos são bastante honestos, e nada parece ensaiado ou forçado ao longo da película.

Completando o tributo, Grohl utilizou os equipamentos que comprou no local (e que instalou em seu próprio estúdio, o 606 Studios), e registrou um álbum reunindo grande parte dos músicos que por lá passaram e que aparecem no vídeo. As sessões de gravação para o disco, chamado Sound City: Real to Reel, e lançado junto com o documentário, ocupam a parte final do filme, com imenso destaque para o reencontro em estúdio da cozinha do Nirvana, o próprio Dave Grohl e Krist Novoselic (baixo), os quais, ao lado de Pat Smear (guitarra, também ex-Nirvana) e de nada mais nada menos que Sir Paul McCartney (ele mesmo, nos vocais e guitarras), criaram "Cut Me Some Slack", a qual foi apresentada ao vivo pela primeira vez no show beneficente às vítimas do furacão Sandy em 12 dezembro de 2012 (com McCartney usando a mesma estranha guitarra quadrada com que aparece no documentário), com enorme e merecido estardalhaço junto à mídia especializada.


Krist Novoselic, Paul McCartney e Dave Grohl durante a criação de "Cut Me Some Slack"

Sound City é um documentário que vai agradar aqueles que se interessam pelos bastidores do showbizz, por aquilo que acontece "fora dos palcos" no mundo da música e, obviamente, aos fãs dos artistas citados, os quais dão declarações muitas vezes inéditas ao longo do filme. Mas, principalmente é um registro da memória de um local importantíssimo para a música dos últimos quarenta anos, embora, na maior parte do tempo, tenha ficado relegado a um segundo ou terceiro plano na hora de receber reconhecimento. Pelo menos, até agora!

domingo, 7 de abril de 2013

Discografias Comentadas: U2 (Parte I)


Por Micael Machado

Formado em 1976 na cidade de Dublin, na Irlanda, o U2 (nome de um avião da segunda guerra, mas que também pode ser lido como "you too", ou "você também" na língua inglesa) surgiu a partir de um anúncio colocado no quadro de anúncios da escola Mount Temple Comprehensive School pelo baterista Larry Mullen, Jr. Paul Hewson (que adotaria o nome Bono Vox, vocais), David Evans ("The Edge", guitarras), seu irmão Dik Evans (guitarra),  Adam Clayton (baixo) e dois outros sujeitos responderam ao anúncio, formando inicialmente o Feedback, depois (já como quinteto) o The Hype, e, com a saída de Dik, assumindo o nome que carregariam até hoje, mantendo sempre a mesma formação.

De um grupo pertencente ao então nascente movimento pós-punk, o U2 evoluiu tanto como banda como em sonoridade para se tornar um dos maiores nomes da música mundial, sendo, a partir da década de 1990, um dos campeões de faturamento em turnês, com shows cada vez maiores e mais tecnológicos, que levaram o quarteto ao topo do mundo em todos os quesitos que se queira considerar.

Confira a partir de agora a primeira parte da discografia comentada deste orgulho irlandês!

Boy (1980)

Após estrear com o EP Three em 1979, o U2 assinou com o selo Island e lançou seu primeiro álbum no ano seguinte, marcando o início da colaboração do grupo com o produtor Steve Lillywhite, que se estenderia por um bom tempo. Fortemente baseado na estética do pós punk (baixo destacado à frente, ditando o ritmo das canções, bateria marcada e seca, e a quase minimalista guitarra fazendo linhas mais climáticas, sem muitos riffs), como demonstram as faixas "A Day Without Me" (primeiro single do play), "Stories for Boys" e "Another Time, Another Place", o disco tem como destaque as faixas "I Will Follow" (primeiro vídeo oficial do grupo), "Out of Control" e "The Electric Co.", que se tornaram favoritas dos fãs ao longo dos anos. "An Cat Dubh" e "Into the Heart" podem ser consideradas uma única canção, chegando a ser colocadas em uma mesma marcação nas primeiras edições em CD, sendo que, nas versões inglesa e americana, o tempo de duração de cada uma é diferente, embora a duração total seja a mesma. A edição americana ainda teve uma capa diferente, devido ao medo da gravadora de que a original pudesse levantar alguma associação à pedofilia quando aliada ao conteúdo de algumas letras, como a citada "An Cat Dubh" ou a marcada "Twilight". A curta e melancólica "The Ocean" e a calma "Shadows and Tall Trees" completam o track list, que, em algumas das primeiras edições, ainda possuía uma pequena faixa instrumental de trinta segundos não listada após a última música. Em 2008, uma edição remasterizada foi lançada, agregando um segundo CD com faixas retiradas de singles, a íntegra do primeiro EP e algumas canções inéditas. Fica difícil imaginar que a banda presente aqui atingiria o status que teria poucos anos depois, mas o pontapé inicial da conquista do mundo estava dado!

October (1981) 


O U2 mudou de direcionamento para seu segundo full lenght. Se no primeiro disco a temática eram as angústias adolescentes, neste as letras giram em torno da espiritualidade, em canções como "Gloria" (segundo single e maior destaque do play, chegando a ganhar um vídeo clipe), "With a Shout (Jerusalem)" e "Tomorrow" (que apresenta linhas de uilleann pipes, espécie de gaita de foles tradicional da Irlanda, aqui tocadas pelo convidado Vinnie Kildruff), por vezes reafirmando a fé cristã do grupo, em um país marcado por desavenças religiosas. Grande parte das músicas estão mais calmas, como mostram "I Fall Down" (com muito uso de violões e piano - tocado por The Edge), "Fire" (que foi o primeiro single) e a linda faixa título (outro destaque, com um arranjo conduzido pelo piano de Edge). "I Threw a Brick Through a Window" e "Rejoice" (com um mini solo de Larry lá no meio, e que é de certa forma completada pela calma "Scarlet") são algumas das poucas que lembram o álbum anterior, assim como "Stranger in a Strange Land" e "Is That All?", que fecha um disco de certa forma incompreendido, e que é o que menos prefiro nesta trilogia inicial. October também ganhou uma edição remasterizada em 2008, com faixas retiradas de singles e outras gravadas ao vivo para a BBC.


War (1983)

Este foi o disco que viu surgir a face messiânica de Bono, se tornando um pacifista preocupado com a situação do mundo, uma espécie de caractere que ele mantém vivo até hoje. A temática abertamente política de canções como "Sunday Bloody Sunday" e "New Year's Day" (dois dos singles lançados, e inegavelmente os maiores destaques do play, além de hinos da discografia do U2, sendo que o segundo ganhou um vídeo clipe), bem como o próprio título do álbum, servem para apresentar ao mundo esta nova persona do cantor, que também aparece na letra de "The Refugee". "Like a Song...", "Surrender" e "Two Hearts Beat as One" (que também saiu em single e ganhou  um vídeo) parecem saídas do primeiro disco, enquanto "Drowning Man" é mais calma e melancólica, assim como "Seconds" (que apresenta The Edge fazendo os vocais principais no início). "Red Light" apresenta sopros e corais até então inéditos na discografia do quarteto irlandês, além de um ritmo dançante e uma letra tratando sobre prostituição. A linda ""40"" (com Edge se revezando entre a guitarra e o baixo) encerra um álbum mais forte que seu antecessor, e cuja capa apresenta uma foto do mesmo garoto presente em Boy, Peter Rowen, que também apareceria em outros lançamentos do grupo. War chegou ao número 1 nas paradas inglesas e número 2 nos EUA, sendo o primeiro disco de ouro do grupo por lá, e foi mais um a ganhar uma edição remasterizada em 2008, com diversas faixas retiradas de singles e a presença da inédita "Angels Too Tied to the Ground", uma sobra das sessões de gravação originais. Uma apresentação no anfiteatro Red Rocks, no Colorado, foi gravada e lançada em VHS sob o título U2 Live at Red Rocks (consagrando o vídeo para "Sunday Bloody Sunday" como a "versão definitiva" deste clássico), além de oito faixas deste show comporem o EP ao vivo Under a Blood Red Sky, ambos de 1983. Em 2008, uma reedição do vídeo em DVD trouxe o concerto daquele 05 de junho de 1983 praticamente na íntegra pela primeira vez (apenas "I Fall Down", por problemas técnicos, e trechos de "Two Hearts Beat as One" e "The Electric Co.", por questões de direitos autorais com inserções de outras composições, ficaram de fora), para alegria dos muitos fãs do conjunto.

O U2 ao vivo no anfiteatro Red Rocks


The Unforgettable Fire (1984) 

Marcando a separação do grupo com o produtor Steve Lillywhite (que havia participado dos três lançamentos anteriores), The Unforgettable Fire é o início da colaboração do U2 com os produtores Brian Eno e Daniel Lanois, que se estenderia por mais alguns discos e seria retomada em um ponto futuro da trajetória da banda. Mais melódico que seus antecessores, com o quarteto experimentando mais com ambientações e sons diferentes das guitarras, além do baixo estar mais "escondido" na mixagem e das linhas de bateria serem mais versáteis do que nos lançamentos anteriores, este disco pode ser considerado um ponto de virada na carreira do conjunto, e o lançamento que catapultou os irlandeses ao topo do mercado mundial, graças a canções como "Bad", que logo se tornou uma das favoritas dos fãs durante as apresentações ao vivo, "Pride (In the Name of Love)" e a faixa título, duas faixas cujos singles obtiveram enorme sucesso. Ecos da sonoridade mais calma de October podem ser ouvidos em "Promenade" ou "4th of July", e "Indian Summer Sky" até poderia estar presente no disco anterior, mas faixas como a agitada "Wire", a percussiva "Elvis Presley and America" ou a dançante "A Sort of Homecoming" não encontram paralelo na discografia anterior do grupo. A climática "MLK" encerra o track list, sendo uma homenagem ao ativista norte americano pelos direitos humanos Martin Luther King Jr., assim como "Pride (In the Name of Love)". Um EP chamado Wide Awake in America foi lançado em 1985, contendo duas faixas ao vivo e outras duas que já podiam ser encontradas em algumas edições do single para a faixa "The Unforgettable Fire", e o período de gravações do álbum também deu origem ao documentário The Making of The Unforgettable Fire, lançado em VHS em 1985, contendo também vídeos para cinco das canções do disco. Uma edição de 25 anos foi lançada em 2009, contendo um CD bônus com faixas retiradas de singles e a presença das inéditas "Disappearing Act" e "Yoshino Blossom", além de versões diferentes para algumas canções do álbum. Há também uma versão contendo um DVD, com o conteúdo do VHS citado acima e alguns bônus. O sucesso de The Unforgettable Fire levou o U2 a se apresentar no Live Aid em 1985, o que catapultou a imagem da banda no mundo inteiro, fazendo com que tivessem um sucesso desconhecido até então para eles, mas, particularmente, considero este belo lançamento como um mero rascunho da obra prima que viria logo a seguir.

The Joshua Tree (1987)

Meu álbum favorito da banda, um dos discos mais vendidos da história (mais de 25 milhões de cópias), possivelmente o lançamento mais conhecido do U2 e, sem sombra de dúvidas, uma verdadeira obra prima, The Joshua Tree é um gigantesco passo adiante na estrada iniciada com o lançamento anterior.  Abrindo com uma trinca de singles conhecida de qualquer um que tenha escutado rádio na segunda metade dos anos 1980 (ou mesmo depois) - as clássicas "Where the Streets Have No Name", "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "With or Without You", que ganhou um clipe que também fez bastante sucesso -, o play mantém o tom político em suas letras, como pode ser percebido na pesada "Bullet the Blue Sky" (da qual o Sepultura faria um cover anos depois), "Red Hill Mining Town" ou "Mothers of the Disappeared" (uma tocante homenagem às mães da Praça de Maio, na Argentina, e à associação COMADRES, de El Salvador, ambos grupos de mães e parentes de desaparecidos durante os regimes políticos ditatoriais dos dois países), mas também retoma alguns dos temas espirituais presentes no segundo disco, como na bela "In God's Country" (cuja letra também é uma crítica aos Estados Unidos, país que serviu de inspiração para muitos dos temas aqui, devido às constantes turnês do grupo por lá em suporte a The Unforgettable Fire), ou mesmo em "I Still...". "Running to Stand Still" é uma das mais belas baladas que o grupo já registrou, e "Exit" tem um ritmo circular e angustiante que me faz ter a sensação de estar despencando em um poço sem fundo durante um assustador pesadelo. "Trip Through Your Wires" tem um delicioso ritmo malemolente, meio preguiçoso, regido pela guitarra de The Edge e pela harmônica de Bono, e a calma e feliz "One Tree Hill" completa o track list de um álbum quase perfeito. Uma edição de 20 anos foi lançada em 2007, contendo um CD bônus com faixas retiradas de singles e a presença de algumas canções inéditas registradas durante as sessões de gravação originais, mas que acabaram ficando de fora do álbum. Há também uma versão contendo um DVD, com uma apresentação ao vivo em Paris no ano de 1987, um documentário produzido pela MTV sobre a turnê de promoção que se seguiu ao lançamento de The Joshua Tree, e os vídeos para "With or Without You" e "Red Hill Mining Town" (até então inédito), além de alguns bônus. Um dos melhores lançamentos da década de 1980, este é um álbum clássico em todos os sentidos, tanto que mereceu uma edição da série de DVDs "Classic Albums" dedicada ao seu belíssimo conteúdo musical. Se for para você conhecer apenas um disco de estúdio do U2, que seja este!

Rattle and Hum (1988) 

Misto de álbum ao vivo com canções inéditas de estúdio, este disco (originalmente em vinil duplo) é a trilha sonora do documentário de mesmo nome, que acompanha o U2 durante a turnê de promoção para The Joshua Tree. A busca pelas "raízes americanas" da sonoridade dos irlandeses, iniciada no álbum anterior, se acentua aqui, seja nos rockões "Desire" (uma tentativa de emular o estilo de Bo Diddley, que ganhou um interessante vídeo clipe) ou "God Part II" (cujo título vem da canção "God", de John Lennon), no blues "When Love Comes to Town" (escrita e gravada ao lado de B. B. King), na folk "Love Rescue Me" (escrita por Bono ao lado de Bob Dylan), na jazzística "Angel of Harlem" (uma homenagem à cantora Billie Holiday), na versão gospel para "I Still Haven't Found What I'm Looking For" (gravada ao lado do coral de igreja The New Voices of Freedom), na cover para "All Along the Watchtower" (também de Bob Dylan, aqui registrada ao vivo) ou no hino norte americano "The Star Spangled Banner" em sua versão interpretada por Jimi Hendrix no festival de Woodstock, e que aqui serve como introdução para a versão ao vivo de "Bullet the Blue Sky". Das demais faixas de estúdio, a bela "Heartland" teve sua gênese ainda durante as sessões para The Unforgettable Fire, "Van Diemen's Land" é uma angustiante balada triste cantada por The Edge, e "Hawkmoon 269" tem um clima opressivo de desesperança, o qual só é superado pela faixa que encerra o segundo vinil, "All I Want Is You", uma das canções mais angustiantes, tristes e belas que o U2 já registrou, e que ganhou um clipe tão lúgubre quanto sua melodia. A parte ao vivo conta, além das já citadas, com um cover para "Helter Skelter", dos Beatles, além de "Silver and Gold" (cuja versão de estúdio está presente no lado B do single de "Where the Streets Have No Name"), aqui precedida pela vinheta "Freedom for My People", executada por artistas de rua em uma das andanças do grupo pelos EUA, e uma bela versão para "Pride (In the Name of Love)". A versão do filme (um dos melhores documentários já registrados no mundo do rock, tendo sido dirigido por Phil Joanou), ainda conta com outros clássicos da banda executados ao vivo (como "Sunday Bloody Sunday", "Where The Streets Have No Name", "With or Without You" ou "Bad"), os quais ficaram de fora da edição em áudio.

Ao vivo em 1987: Larry Mullen, Jr., The Edge, Bono Vox e Adam Clayton

Esta primeira fase do grupo está muito bem representada na coletânea The Best of 1980–1990, lançada em 1998, e cuja edição limitada conta com várias versões retiradas de singles lançados ao longo da década pelo grupo. Já a recepção morna por parte da crítica para o filme e o álbum do projeto Rattle and Hum desagradaram ao grupo, que decidiu se mudar para a Europa (mais precisamente para a Alemanha) e reinventar a sua sonoridade. Esta decisão traria enormes mudanças para a música do grupo e para seus próprios membros, como você confere semana que vem na segunda parte da Discografia Comentada do U2.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Wander Wildner - Rodando el Mundo [2013]


Por Micael Machado

O selo Assustado Discos, de Recife, está se especializando em lançar gravações raras e inéditas de artistas nacionais em vinis de 180 gramas com alta qualidade sonora. Demos dos pernambucanos do Devotos (na época em que ainda tinham o "do Ódio" em seu nome) e dos paulistas do Inocentes já saíram em disco pelo selo, cujo catálogo é agora ampliado por Rodando el Mundo, do punk-brega Wander Wildner, ídolo da galera roqueira do Rio Grande do Sul.

Reunindo velhas demos, gravações ao vivo e faixas não utilizadas nos álbuns lançados em carreira solo pelo ex-vocalista dos Replicantes (uma das mais importantes bandas da cena punk gaúcha), o lançamento traz à luz quase quarenta e cinco minutos de registros que, como diz a contracapa, estavam "guardadas num velho bau de prata, perdidas no tempo, em fitas mofadas, ruidosas, gastas, algumas até mal gravadas", e que, após a remasterização de Iuri Freiberger, acabam por compor um belo painel da história sonora do cantor.

Até por conta das condições em que foram guardadas (sem a intenção de serem lançadas), o nível de qualidade geral das faixas é bastante irregular. Se "Sangue Sujo" (clássico que dá nome a um dos primeiros projetos de Wander após sair dos Replicantes, registrada aqui em um estúdio de Porto Alegre em 1990) e "Falcatrua" (gravada em 2005 em um estúdio de São Paulo) não tem o registro mais "limpo" possível, "Boas Notícias" (retirada de demo gravada na Alemanha em 2010), as conhecidas "Wynona" e "Adeus as Ilusões" (ambas registradas em um estúdio porto alegrense em 2004) e "Ensaístico" (registrada em estúdio ao lado de Flu, ex-De Falla, no ano de 2001, também em Porto Alegre) apresentam uma boa qualidade sonora, e se deixam ouvir sem maiores problemas.

Wander Wildner, o punk-brega

Composições marcantes da carreira de Wander Wildner surgem em registros ao vivo, em faixas gravadas em diferentes apresentações, mas com qualidade por vezes superior àquelas registradas em estúdio. É o caso de "Maverikão" (de show solo em São Paulo em 2007), "Rodando El Mundo" (registrada na cidade de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, em 2010), "Sandina" (clássico dos Replicantes que é um dos maiores destaques do LP, tendo sido gravada em 2005 na cidade pernambucana de Garanhuns, ao lado da saudosa banda Paulo Francis Vai Pro Céu) e "Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo", outro destaque, desta vez registrada ao lado da Orquestra de Câmara da ULBRA em apresentação na capital gaúcha no ano de 2008.

A clássica "Bebendo Vinho" aparece aqui com a letra que a torcida do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense entoa no estádio nos jogos do clube (em gravação realizada em estúdio de Porto Alegre em 2004, sem a presença da torcida, diga-se de passagem) e outra faixa do show de Gravataí em 2010, "Um Bom Motivo", completa o track list deste interessantíssimo lançamento.

O antigo companheiro Jimi Joe (guitarras e violões) participa de cinco das doze faixas, por vezes sozinho ao lado de Wander, e, nas faixas de 2004, ao lado de Milton Sting (baixo) e Sérgio Bolada (bateria). Marcelo Moreira (guitarra), Amilson Silva (bateria) e Estevan Santos (baixo), membros do Sangue Sujo, estão na faixa que dá nome à banda, e Georgia Branco (baixo), Pitchu Harris (bateria) e Giancarlo Morelli (guitarra) acompanham Wander em "Falcatrua".

Contracapa do LP

Capa e contracapa contam com ilustrações muito legais, produzidas de forma especial pelo artista plástico pernambucano Paulo do Amparo, embora o vinil, infelizmente, não possua encarte. Mesmo assim, o selo está de parabéns por este lançamento, que tem edição limitada, mas que tem promessa de ser disponibilizado para download gratuito em breve. Não há previsão para lançamento em CD, portanto, corra atrás do seu "bolachão" o mais breve possível! Eu já garanti o meu!

Estoy rodando el mundo ... en mi carron maverikon...

Track List: 

Lado A:

1. “Boas Notícias”
2. “Rodando El Mundo”
3. “Eu Tenho uma Camisa Escrita Eu Te Amo”
4. “Sangue Sujo”
5. “Wynona”
6. “Falcatruas”

Lado B:

1. “Maverikão”
2. “Um Bom Motivo”
3. “Sandina”
4. “Adeus as Ilusões”
5. “Ensaístico”
6. “Bebendo Vinho”