terça-feira, 13 de maio de 2014

Review Exclusivo: Marky Ramone's Blitzkrieg (Porto Alegre, 08 de maio de 2014)


Por Micael Machado

Foi em 09 de novembro de 1994. Os Ramones tocavam em Porto Alegre pela última vez, no ginásio Gigantinho, em uma noite que ainda tinha a abertura dos então iniciantes Raimundos e de um Sepultura em turnê de divulgação do recente Chaos AD. Foi a única oportunidade que eu tive de assistir ao meu grupo favorito em todos os tempos, pois o quarteto se separaria em 1996 para nunca mais voltar a tocar junto. Vinte anos depois, boa parte das emoções daquela noite inesquecível foram revividas graças ao show do Marky Ramone's Blitzkrieg, projeto organizado pelo ex-baterista do seminal grupo nova-iorquino para servir como um tributo à banda mais importante do movimento punk, e que se apresentou em um Bar Opinião lotado na última quinta feira.

Tudo bem que Marky costuma ser um habituée de nosso país, fazendo tantas turnês pelo Brasil quanto Paul DiAnno ou Deep Purple. Eu mesmo já o havia assistido ao lado do Intruders no mesmo Opinião em 2000, e o baterista até já gravou um DVD no local ao lado da banda gaúcha Tequila Baby, em 2005. Mas esta noite prometia ser diferente, pois o eterno Ramone teria ao seu lado Michale Graves, ex-vocalista dos lendários Misfits, em um set composto apenas por clássicos dos Ramones (os outros dois componentes do projeto não tiveram seus nomes anunciados ou divulgados, mas, pelo que apurei, seriam os argentinos Marcelo Gallo na guitarra e Aleandro V no baixo e backing vocals, informação esta sujeita a confirmação), além de uma ou outra música do ex-grupo do cantor. Cheguei no bar por volta das vinte e uma horas, e a expectativa e ansiedade por uma apresentação histórica eram amenizadas pelos clássicos do punk rock que rolavam no sistema de som, com direito a muito Clash, Ratos de Porão e a execução quase integral (por duas vezes!) do magistral Fresh Fruit For Rotten Vegetables, dos Dead Kennedys! O ambiente estava pronto, faltava apenas a atração principal!

Marky Ramone's Blitzkrieg no palco do Opinião

Sem que houvesse uma banda de abertura, já passava das dez e meia quando a intro "The Good, The Bad, The Ugly" começou a soar no sistema de som da casa (como era costume nos shows dos Ramones), com os músicos entrando no palco próximo ao final da mesma. Juro que pensei que eles emendariam "Durango 95", para fazer tudo ficar ainda mais parecido com um show de verdade do ex-grupo de Marky. Mas, após alguns acordes introdutórios dos instrumentos, Graves anunciou: "Nós somos o Marky Ramone's Blitzkrieg e esta se chama 'Rockway Beach'", começando a festa punk de forma diferente do tradicional, sem que ninguém reclamasse disso. Uma rápida parada para ajustes nos volumes dos amplificadores, com Michale aproveitando para agradecer ao público com um educado "thank you" (praticamente sua única declaração à audiência em toda a noite), e o massacre retornou com "Teenage Lobotomy", seguindo, daí para a frente, uma conhecida "receita" que foi praticamente sempre a mesma pelo resto do show: o baixista gritava "one, two, three, four", e lá vinha um clássico dos Ramones; "one, two, three, four", e outro clássico; "one, two, three, four", e uma um pouco menos clássica ("Havana Affair", "Tomorrow She Goes Away" - a melhor surpresa do repertório, ao menos para mim, e onde a galera acresceu um "ô-ô-ô" nos intervalos entre os versos do refrão que deixou a canção com uma muito bem vinda "cara" de Misfits -, "I Wanna Be Well", "Oh Oh I Love Her So", "Loudmouth"); "one, two, three, four" de novo, e mais uma composição que todos conheciam - várias faixas tiveram suas letras cantadas em uníssono o tempo todo pelo pessoal, como "I Don't Care", "Beat On The Brat", "The KKK Took My Baby Away", "I Wanna Be Sedated" ou "I Believe In Miracles" (onde Graves cantou o refrão de forma diferente da original, alongando mais as palavras, em uma interpretação que ficou bem legal), e as demais tinham, pelo menos, o refrão berrado a todo o pulmão pela galera (com idades variadas, indo desde jovens adolescentes a senhores de cabelos brancos, mostrando a abrangência do som do quarteto de Nova Iorque), que encheu o Opinião de forma como há tempos eu não via acontecer, e, muitas vezes, cantava tão alto que mal dava para escutar a voz de Graves, algo realmente tocante e impressionante. E tudo isso por mais de uma hora, praticamente sem interrupções nem bate papo desnecessário com a audiência.

Em uma das raras paradas entre as músicas, Michale pronunciou (em inglês): "Quando eu morrer, me deixe onde eu estiver, mas não me enterre no Cemitério de Mascotes". Era a senha para "Pet Sematary", música tema do filme de mesmo nome ("Cemitério Maldito", no Brasil), talvez o maior sucesso comercial da carreira dos Ramones, e que fez o Opinião balançar, quase que literalmente. Nesta canção, Graves trocou a frase "follow Victor to the sacred place" por "follow Marky to the sacred place", numa sacada divertida que poucos parecem ter percebido, empolgados que estavam em agitar na imensa roda de pogo que a canção abriu na pista do Opinião, ou então em cantar e agitar ao som da música, no caso dos que estavam nos andares superiores. A casa citada no começo de "Chinese Rock" também voltou a ser a Dee Dee, como na original dos Heartbreakers, e não a de Art, que aparece na versão gravada pelos "brothers" nova-iorquinos, uma das poucas mudanças nas letras que Graves incorporou a estas versões "tributo", cujo repertório, aliás, foi extremamente bem escolhido, com predominância, como já era esperado, de músicas dos três primeiros álbuns dos Ramones, os quais foram, cada um, interpretados quase que em sua totalidade, embora sempre se possa reclamar de que faltou esta ou aquela canção (no meu caso, muitas e muitas, podem acreditar, pois, se este show tivesse três horas de duração, ainda faltariam faixas que eu gostaria de escutar ao vivo, podem ter certeza!).

Momento do show do Marky Ramone's Blitzkrieg

Com Marky mandando ver atrás de seu kit como se ainda estivesse ao lado de seus "irmãos", para Marcelo e Aleandro a instrução parecia ser "nada de passear ou correr pelo palco", tendo os mesmos sua movimentação praticamente limitada a andar para a frente e para trás em linha reta, seguindo à risca a regra implantada pelo saudoso Johnny Ramone ainda nos primórdios do grupo de Nova Iorque. Nesta quase reencarnação dos Ramones no palco do Opinião (Gallo, quando se abaixava com as pernas abertas e a guitarra abaixo dos joelhos, como Johnny costumava fazer, aparentava ser impressionantemente semelhante ao guitarrista), Graves era o ponto destoante, pois, além da voz bastante diferente da de Joey (e quem conseguiria cantar igual ao nosso amado Jeffrey?), sua atitude em cena era o oposto da do cantor original do quarteto, pois, enquanto Joey permanecia parado junto ao pedestal do microfone, Michale pulava e agitava quase o tempo todo, sendo que por vezes ele ainda dançava de modo bastante engraçado, balançando braços e corpo de forma meio descoordenada, de modo que ficava difícil diferenciar se ele estava dançando ou tendo um ataque epilético! Um verdadeiro entertainer, que demonstrou um grande carisma, felicidade por estar no palco e todas as qualidades que um verdadeiro frontman deve possuir, além de cantar "prá cacete" (mesmo que esquecesse umas poucas frases de vez em quando, ou não conseguisse cantá-las devido ao fôlego faltar de tanto que ele agitava), não se limitando a tentar copiar as frases originais de Joey, mas colocando seu próprio estilo e suas interpretações em muitas delas!

"Pinhead" (e um impressionante coro de "Gabba Gabba Hey" por parte da audiência) encerrou a primeira parte da apresentação, com todos deixando o palco pela primeira vez na noite. Após dois longos (para os padrões ramônicos) minutos passados ao som do constante "Hey Ho Let's Go" entoado pela galera, os músicos retornam para o bis, que iniciou com "Do You Remember Rock 'n' Roll Radio?", para a festa da galera, que ainda pode curtir mais algumas músicas, como "She's The One" (uma das minhas favoritas do disco Road To Ruin, que marcou a estreia de Marky nos Ramones), as covers para "California Sun" (Joe Jones), "R.A.M.O.N.E.S." (Motörhead) e uma até certo ponto inesperada "Have You Ever Seen The Rain?" (Creedence Clearwater Revival), todas registradas pelos "brothers" em algum momento de sua carreira, além das festejadas "I Just Want To Have Something To Do", "Cretin Hop" e "Surfin' Bird" (outra cover, desta vez dos Trashmen), fortíssima candidata ao posto de "música mais retardada da história", mas que é sempre divertida e extremamente bem vinda, merecendo por parte de Graves uma interpretação memorável nesta noite, especialmente em sua segunda parte. 

Michale Graves em momento "voz e violão"

Michale fica então sozinho no palco, apanha um violão com os roadies, dedica um "thank you very much" ao público e manda, somente com o acompanhamento do instrumento e das vozes do pessoal, dois clássicos do seu período à frente dos Misfits, a espetacular "Dig Up Her Bones" (que soou bem agradável nesta forma acústica, mas não superou de forma alguma a energia do original) e "Saturday Night", que já tem mesmo um jeitão de balada na versão de estúdio, e se encaixou perfeitamente nesta configuração "voz e violão". Mais uma vez, chamou a atenção a resposta dada pelo público, que cantou as duas canções do início ao fim, e em altíssimo volume, para visível satisfação do cantor, que teve seu nome gritado em uníssono pelo pessoal no breve intervalo feito entre elas!

Os outros músicos retornam então ao palco, com Marky parando no centro para anunciar "Michale Graves, o melhor cantor que o Misfits já teve" (naquele momento, era difícil discordar disso, embora saibamos todos que não era bem verdade), e o show termina com a "quase" inesperada "Life's A Gas" (Michale arruinou a surpresa anunciando a música em entrevista dada dias antes do show), a cover para "What A Wonderful World" (que, mesmo sem ser anunciada, foi entendida por todos como uma homenagem a Joey, que a gravou em seu primeiro disco solo, Don't Worry About Me) e a muito esperada "Blitzkrieg Bop", que arrancou das gargantas de todos os últimos fiapos de voz que ainda restavam ali! Memorável!

Marky Ramone saudando o público do Opinião

Podem chamar de caça-níquel, ou acusar Marky de fazer este tipo de show apenas para manter sua imagem em evidência no cenário, utilizando o nome do grupo que integrou por anos, mas do qual nem era um membro original ou de maior destaque. O fato é que, depois de uma hora e meia de muito Ramones (com um pequeno tempero de Misfits para adicionar sabor à refeição), ninguém ali saiu insatisfeito, e o baterista e seus comparsas entregaram ao público exatamente aquilo que ele queria: diversão, suor e alegria, animados por algumas das mais clássicas músicas do melhor punk rock já produzido! E ainda tem gente que não aceita que os Ramones foram a melhor banda da história! Na saída de um show fantástico e emocionante como este, duvido que algum dos presentes não concordasse com esta afirmação! Pelo local que o abrigou, pelas músicas tocadas (quase todas clássicos de grande porte), pela qualidade cristalina do som (como é normal acontecer no Opinião), pela entrega e devoção do público (emocionante!), e por ser um show dos Ramones (embora sem a presença do grupo), digo que esta apresentação superou com folgas a do Guns and Roses ocorrida em abril, e abocanha dela o título de “show do ano” em Porto Alegre! Haverá algum que o supere até dezembro? Acho difícil!

"One, two, three, four! Hey Ho, Let's Go!"

Set List:

1. Intro (The Good, The Bad, The Ugly)

2. Rockway Beach

3. Teenage Lobotomy

4. Psycho Therapy

5. Do You Wanna Dance?

6. I Don't Care

7. Sheena Is A Punk Rocker

8. Havana Affair

9. Tomorrow She Goes Away

10. Commando

11. I Wanna Be Well

12. Beat On The Brat

13. 53rd & 3rd

14. Now I Wanna Sniff Some Glue

15. Gimme Gimme Shock Treatment

16. Rock And Roll High School

17. Oh Oh I Love Her So

18. Judy Is A Punk

19. I Believe In Miracles

20. The KKK Took My Baby Away

21. Pet Sematary

22. Chinese Rock

23. I Wanna Be Sedated

24. Loudmouth

25. I Don't Wanna Walk Around With You

26. Pinhead

27. Do You Remember Rock 'n' Roll Radio?

28. I Just Want To Have Something To Do

29. She's The One

30. California Sun

31. Have You Ever Seen The Rain?

32. Cretin Hop

33. Surfin' Bird

34. R.A.M.O.N.E.S.

35. Dig Up Her Bones

36. Saturday Night

37. Life's A Gas

38. What A Wonderful World

39. Blitzkrieg Bop

sábado, 10 de maio de 2014

Wolfmother - Wolfmother [2005]


Por Micael Machado

Qual o melhor disco do século XXI? Estamos apenas nos aproximando da metade da segunda década do mesmo, mas, até aqui, a resposta para esta questão é, a meu ver, simplesmente óbvia: nestes quatorze anos, nenhum álbum conseguiu me cativar mais do que Wolfmother, a estreia da homônima banda australiana capitaneada pelo vocalista e guitarrista Andrew Stockdale, lançada em 2005 no país natal do então trio, para depois conhecer o mundo ao longo do ano seguinte, com um track list rearranjado e a inclusão de uma faixa extra para o mercado internacional. Há tempos um álbum de uma banda nova não me empolgava tanto desde a primeira audição, e, até aqui, nenhum outro conseguiu a mesma façanha.

Surgido em 2000 na cidade de Sydney, e tendo Chris Ross (baixo e teclados) e Myles Heskett (bateria) como colegas do chefão Andrew, o grupo começou a obter mais destaque em 2004, ao assinar com a gravadora Modular Recordings, sediada em seu país natal. Em setembro daquele ano, sairia seu primeiro EP, também intitulado Wolfmother, com quatro canções que depois seriam regravadas para o disco de estreia do grupo, gravado em apenas duas semanas no famoso estúdio Sound City, em Los Angeles, sob a produção de Dave Sardy (que já havia trabalhado com grupos como Slayer, Jet e Oasis), e lançado na Austrália a 30 de outubro de 2005, aparecendo no mercado mundial no decorrer de 2006, em datas diversas dependendo do país de lançamento.

Nas treze faixas da versão "estrangeira" de Wolfmother (cuja linda capa deriva da obra The Sea Witch, do artista Frank Frazetta), o trio se mostra claramente influenciado pelo melhor do hard rock setentista, como comprovam a suingada "Witchcraft" e seu belo solo de flauta (executado pelo músico convidado Dan Higgins, mas que poderia muito bem ter sido gravado por um Thijs Van Leer ou um Ian Anderson, para não citar seu empolgante refrão), a acústica "Vagabond", que parece saída das sessões de Led Zeppelin III, ou a agitada "Dimension", que possui um trecho mais lento no meio que não soaria deslocado em um dos primeiros discos do Black Sabbath - tudo isso sem mencionar "Where Eagles Have Been", que chega a parecer um tributo à carreira do Led Zeppelin ao longo de seus variados cinco minutos e meio. O grupo também apresenta neste debut forte influência do psicodelismo inglês da década de 1960, como se pode confirmar no final de "White Unicorn" ou na viajante "Mind's Eye".

Wolfmother em 2005: Myles HeskettAndrew Stockdale e Chris Ross

"Joker & the Thief", um dos seis singles retirados do registro, e também um de seus maiores destaques, reúne perfeitamente estes dois lados dos australianos, o que não impede que composições mais simples como a pesada e monolítica "Colossal" (que, ainda por cima, ganha uma parte extremamente veloz mais perto do final), "Apple Tree" (que soa como uma sobra de algum álbum dos White Stripes) ou "Woman" (que fez parte da trilha do jogo Guitar Hero II, e possui um solo de teclado totalmente maluco na sua parte intermediária) consigam seu próprio destaque em meio a faixas tão empolgantes. O mesmo acontece com a suingada "Love Train", a "faixa extra" exclusiva para o mercado internacional, e que sempre me lembrou um pouco o início do T. Rex, não sei bem por quê.

A fascinante "Pyramid" possui um riff repetitivo e bastante pesado, reforçado pela distorção aplicada ao baixo, e uma melodia de guitarra que transpassa a música quase substituindo o vocal em certos momentos, com o track list sendo então completado por "Tales", que não é uma versão para a música de mesmo nome registrada pelo Uriah Heep, mas sim uma bela composição que reúne com perfeição o lado viajante e o lado hard setentista do trio australiano. A título de registro, cabe citar que existem ainda duas outras versões do álbum, ambas norte-americanas: uma que acrescenta "Colossal", em versão ao vivo no festival Big Day Out, e outra que possui remixes para "Woman" e "Love Train", totalizando assim quinze faixas.

Infelizmente, a altíssima qualidade do álbum não foi sinônimo de uma carreira de sucesso para o Wolfmother, e, após a turnê de divulgação do mesmo, Ross e Heskett deixaram Andrew sozinho com o nome do grupo, devido a divergências musicais e pessoais. O compositor não se intimidou, remontou a banda como um quarteto, e lançou em 2009 o regular Cosmig Egg, que, apesar de inferior à estreia, também renderá boas audições a quem se dispuser a ouvi-lo. Esta segunda encarnação também não durou muito, com Stockdale partindo para uma carreira solo (iniciada pelo irregular, mas interessante, Keep Moving, de 2013, composto por faixas que deveriam estar no terceiro disco do Wolfmother), a qual foi logo abortada para ver surgir uma terceira encarnação do grupo do qual o vocalista e guitarrista é, por mérito e direito, o dono da bola, desta vez com a volta do baixista Ian Peres (que esteve na segunda versão) e a chegada do baterista Vin Steele, completando assim uma nova formação em trio para os australianos.

Contracapa da versão internacional de Wolfmother

Que Andrew Stockdale consiga resolver seus problemas com os músicos que lhe acompanham, e siga registrando mais discos de qualidade como tem feito ao longo dos anos (como o recente New Crown, de março deste 2014). Mesmo que nenhum deles chegue a superar sua maravilhosa estreia (algo bastante improvável, a meu ver), com certeza renderão vários bons momentos auditivos. Ao menos, é no que acredito.

She's a woman, you know what I mean... She's gonna set you free!

Track List (versão internacional):

1. "Dimension"
2. "White Unicorn"
3. "Woman"
4. "Where Eagles Have Been"
5. "Apple Tree"
6. "Joker & the Thief"
7. "Colossal"
8. "Mind's Eye"
9. "Pyramid"
10. "Witchcraft"
11. "Tales"
12. "Love Train"
13. "Vagabond"