terça-feira, 24 de maio de 2016

Livro: Tocando A Distância - Ian Curtis e Joy Division


Por Micael Machado

Quase trinta e seis anos depois de sua morte, a figura de Ian Curtis, letrista e vocalista do Joy Division, continua a encantar uma multidão de fãs da banda, muitos dos quais ainda se questionam sobre os motivos que levaram o músico a a se suicidar a 18 de maio de 1980, na casa em que morava na cidade de Macclesfield, na Inglaterra. Algumas das respostas poderiam estar no livro Tocando A Distância - Ian Curtis e Joy Division, escrito pela viúva de Ian, Deborah Curtis, e lançado lá fora em 1995, mas que recebeu uma edição nacional apenas em 2014, a cargo da editora Edições Ideal (inclusive em uma bela e luxuosa versão com capa dura). Infelizmente, não é bem isso o que se encontra após a leitura da obra.

Deborah e Ian Curtis, em foto presente no livro

Deborah se casou com Ian quando tinha dezoito anos (e ele dezenove), e teve com ele uma filha, Natalie, nascida em 1979. Mas também teve uma vida muito difícil, passando por grandes dificuldades financeiras (apesar do sucesso em escala cada vez maior da banda do marido), sofrendo com o ciúme doentio de Ian (que o fez se afastar dos amigos e, por um tempo, de sua própria família), com sua personalidade distante e não muito atenciosa (ou carinhosa), e, sobretudo, com a epilepsia do cantor, doença que mudou radicalmente a vida do casal quando foi diagnosticada, tornando o convívio íntimo em algo beirando o insuportável. Além disso, Ian ainda cometeu dois pecados extremamente graves, pelo menos na visão de Deborah: arrumou tempo para ter uma amante (a belga Annik Honoré, que inclusive chegou a acompanhar a banda em uma turnê pela Europa, e manteve seu caso com o músico até a data da morte deste) e, o maior de todos, tirou a própria vida em um momento onde a convivência do casal já estava extremamente abalada, com Deborah inclusive já tendo iniciado o processo do divórcio, apesar do amor que sentia pelo distante e ausente marido.

Sendo assim, não chega a ser uma surpresa constatar que o livro foi escrito do ponto de vista de uma pessoa que, por mais que quisesse bem a Ian Curtis, guarda ainda uma grande mágoa do ex-marido e das circunstâncias em que ele morreu. Desta forma, o retrato que Deborah pinta de Ian é de alguém distraído, distante, que parecia não se interessar pelos amigos e família, que "criava" diferentes personagens para diferentes setores de sua vida (a esposa, os pais, os sogros, a banda, os conhecidos e os fãs), e interpretava estes papéis conforme a situação precisava. A vida pessoal dos dois, da forma como Deborah relata, nos leva a questionar o porquê de ela ter mantido sua união com Ian até próximo de sua morte, pois fica claro que nenhum dos dois conseguiu ser feliz com o casamento, um pouco por causa da doença do músico, mas em muito por causa da banda.

Páginas com fotos presentes em Tocando A Distância - Ian Curtis e Joy Division

Esse ressentimento da autora com o Joy Division é algo que também se torna facilmente perceptível após a leitura. Sem a permissão de Ian para acompanhar o quarteto em seus shows (ou simplesmente assisti-los), especialmente depois que o cantor passou a levar a amante aos mesmos, e sem ter um convívio de amizade com os demais membros do grupo (os quais aparecem apenas superficialmente ao longo das páginas do livro), é muito pouco o que Deborah tem a dizer a respeito da banda, ou de sua convivência interna e criativa.  A autora chega a citar que Ian dizia aos membros do conjunto (e àqueles que conviviam com este) que a convivência entre os dois era insuportável, e que seu casamento era apenas "de fachada", mesmo quando ele ainda dormia todas as noites na casa do casal e quando ela ficou grávida da única filha dos dois, e que este seria um dos motivos pelo qual os amigos e companheiros do músico a teriam excluído do convívio deles. Desta forma, algumas críticas de apresentações são reproduzidas aqui e ali, e curtos comentários da própria escritora sobre alguns poucos shows a que esteve presente também são registrados nas páginas da obra (e servem para indicar que ela também não gostava da música do grupo), mas a participação do quarteto ao longo das páginas do livro é ínfima, decepcionando quem gostaria de saber mais sobre o período em que os ingleses estiveram na ativa em sua encarnação original (lembrando que, após a morte de Ian, os membros restantes "reencarnaram" na forma de uma nova banda, o New Order, seguindo em frente com suas carreiras e suas vidas).

Sobram então pouco mais de 170 páginas de muita mágoa, rancor e amargura destiladas por Deborah em relação a seu finado marido, além de algumas poucas páginas com fotos (a maioria da vida pessoal do cantor, e uma ou outra relacionadas á sua vida profissional), a relação de todos os shows feitos pelo Joy Division, uma extensa e bastante completa discografia do grupo, alguns escritos inacabados de Ian e, talvez o maior tesouro deste livro, todas as letras compostas pelo cantor para a banda (algumas delas inéditas), as quais foram traduzidas com competência na edição nacional pelo jornalista José Julio do Espirito Santo, também responsável pela tradução do texto, o que faz com que o volume fique com um total de 322 páginas, sendo curioso notarmos que pouco mais da metade apenas é dedicada realmente à trajetória do cantor homenageado no título (cuja versão original em inglês, Touching From a Distance, é retirada de um verso de uma das letras que ele compôs, assim como os títulos dos capítulos da obra).

Contracapa de Tocando A Distância - Ian Curtis e Joy Division

Ian Curtis pode até ter tido uma existência tão sofrida, melancólica, miserável e dolorosa quanto Deborah parece passar com este livro, e tornado a vida de sua esposa tão insuportável quanto parece ter sido após lermos a obra, mas isso não é motivo para perdermos tempo com a destilação do rancor da ex-esposa pela perda de seu marido (primeiro para a indústria musical, depois para a amante, e, finalmente, para a vida). Infelizmente, Tocando A Distância - Ian Curtis e Joy Division não é uma obra que justifique sua existência (apesar de ter servido como base para o excelente filme Control, o qual tratou da vida do cantor com resultados muito melhores do que aqueles obtidos por este livro), ainda mais se você está procurando saber mais sobre a banda ou o músico do qual o caro leitor é fã. Se for este o caso, honestamente, passe longe desta obra. Ela não vai lhe acrescentar nada de bom.

Antibanda - Antibanda [2014]


Por Micael Machado

Às vezes, sair de casa para ir a um show pode lhe causar surpresas positivas. No final do ano passado, fui conferir o "Festival Som de Peso", evento ocorrido em duas noites na cidade de Porto Alegre (onde resido), a primeira dedicada ao punk rock, e a segunda ao heavy metal. No início da primeira data, após uma bela apresentação dos gaúchos da Punkzilla, eis que sobem ao palco uma menina com jeito de pin up dos anos 50, e um sujeito de bermuda e boné, com uma tremenda cara de maluco! A menina foi para a bateria, o "maluco" pegou uma guitarra, e os dois mandaram ver em um excelente set de street punk que, embora menos virtuoso, me lembrou muito o Toy Dolls, uma de minhas bandas favoritas em todos os tempos. E, ainda por cima, cantado em espanhol, visto o casal que se apresentava ser uruguaio! Com o queixo no chão, depois da apresentação tive a chance de bater um rápido papo com o simpaticíssimo sujeito que há pouco agitava a todos lá no palco, e receber das mãos dele uma cópia do primeiro disco de sua banda, ou melhor, de sua Antibanda!

Camily (bateria e vocais) e Kbza (vocais e guitarra, na época conhecido como "Kbza de Ultimo") faziam parte do trio cisplatino Green Gay, que chegou a lançar um disco em 2011, chamado Roba Corazones. Com a saída do baixista Kbza Punk em 2013, o duo restante se rebatizou como Antibanda, comprou uma van, e saiu a viajar e se apresentar pela América Latina, tocando em qualquer lugar onde lhe oferecerem "uma bateria e um amplificador", segundo Kbza declarou em uma entrevista de 2014, além, claro, de comida e um lugar para dormir! Com a ajuda de amigos conhecidos na estrada, gravaram alguns clipes para suas composições, e seu primeiro registro, autointitulado, o qual foi disponibilizado para audição no youtube e para download no mediafire. Quem se arriscar a conferir não irá se arrepender, posso afirmar com toda a certeza.

Camily e Kbza, a Antibanda!

A opção pelo street punk (também conhecido como "OI!") se mostra bastante acertada, pois todas as músicas passam aquela alegria e animação do estilo, além de contar com os inevitáveis e característicos backing vocals do gênero. Composições como "Punks y Skins", "Piñata, Fútbol y Cerveza", "Borracho y Orgulloso" ou "Espen de Nait" tem tudo para agradar aos fãs do punk rock "safra 77" de bandas inglesas como Sham 69, Cockney Rejects, Cock Sparrer ou os citados Toy Dolls, além destes títulos (e outros como "La Enfermedad", "La Adicción" ou "Yo Te Canto Con El Corazón") já serem suficientes para se perceber que a temática das letras não tem nada da política de extrema direita, algo que acontece com frequência em muitas bandas ligadas ao OI!, sendo, segundo o que disse Kbza na mesma entrevista citada acima, "retratos" de moradores e situações que ocorrem no bairro onde a dupla mora, meras "histórias do cotidiano" da vida dos dois músicos. Até há, sim, um pouco de protesto contra o governo e as instituições aqui e ali (afinal, trata-se de um disco punk), mas a temática básica da dupla, em geral, passa bem longe da política. 

Como quase todo bom grupo punk que se preze, é claro que há lugar no som da Antibanda para um pouco de ska (presente aqui na faixa "El Holgazán", que ainda tem uma breve citação aos Sex Pistols no final) e algo de romantismo, que aparece no disco na forma de sua maior faixa, "Todo Es Tan Gris", a única a ultrapassar os três minutos (e cuja letra trata da dor de um sujeito preso há quinze anos, distante de sua amada). Cabe citar também que todas as faixas do álbum contam com o som de um baixo (que chega a se destacar em alguns momentos), mas o encarte não especifica quem o gravou, embora eu acredite que tenha sido Kbza Punk, pois li em alguns lugares que este disco deveria ser o segundo do Green Gay, e o antigo membro do trio apareça nos primeiros clipes liberados no youtube, para a já citada "Punks y Skins", "El Patovica" e as faixas "Huracán Pedrito" e "El Turbina" (cujo vídeo foi gravado em Porto Alegre!), as quais, junto com "Hacha y Tiza", "Las Ladillas", "El Punky" e "Yo Te Canto Con El Corazón" (que mencionei acima) aparecem como bônus no disco. Já ao se apresentar ao vivo, como coloquei acima, Camily e Kbza se viram sem o grave das quatro cordas, e, apesar de ser um admirador da sonoridade do instrumento, sou forçado a reconhecer que o baixo acaba não fazendo falta na sonoridade e na empolgação causada pela música da dupla quando em ação on stage!

Camily e Kbza em cena do clipe de "Gargantas", gravado no estádio municipal de Santo André

A Antibanda já disponibilizou no youtube (e também para download) uma prévia de seu novo álbum, o qual estava previsto para ser lançado em março de 2016 (e já conta com um clipe promocional, para a faixa "Gilipolla Records"). Mas, como seus lançamentos são independentes (e feitos "na raça" por eles mesmos, tanto que a cópia do disco que Kbza me passou era um CD-R com a gravação, embalado em um saquinho plástico e com apenas a capa e um encarte de folha simples, sem conter uma contracapa, acredito que por questões de custo), e a única forma de encontrá-los é nos shows do duo (junto a vários artigos de merchandise elaborados e fabricados pela própria Camily), terei de esperar um novo concerto destes uruguaios em Porto Alegre para conferir este novo lançamento. Que não demore muito!

Track List:

01- Punks y Skins 
02- Piñata, Fútbol y Cerveza 
03- El Holgazán 
04- El Patovica 
05- Borracho y Orgulloso 
06- Gargantas 
07- La Enfermedad 
08- Todo Es Tan Gris 
09- Laeneolao 
10- Washington 
11- Espen de Nait 
12- La Adicción 
14- Hacha y Tiza 
15- Hueracan Pedrito 
16- El Turbina 
17- Las Ladillas 
18- Yo Te Canto Con El Corazón 
19- El Punky

Ghost - Meliora [2015]


Por Micael Machado

Meliora, o terceiro registro completo do grupo sueco Ghost, era aguardado não só por mim, mas também por uma imensa legião de fãs conquistados pela banda desde sua estreia em 2010, com o álbum Opus Eponymous. Você pode até não gostar deste sexteto sueco, mas tem de reconhecer que poucos grupos nesta segunda década do século XXI conseguiram um reconhecimento tão grande e tão rápido quanto estes mascarados satanistas. Desta forma, foi com ansiedade que escutei o disco pela internet pouco depois de seu lançamento, em outubro do ano passado. O resultado, devo confessar, não me agradou muito de início, embora eu tenha percebido que havia algo ali a ser explorado mais à frente.

Uma das principais características que levaram o Ghost ao reconhecimento foi, queira-se ou não, o aspecto estético dos músicos tocaram com os rostos escondidos por máscaras, além de serem liderados por um sujeito vestido como um "Papa do mal". Pois a mudança desta identidade visual tão marcante foi um dos primeiros fatores anunciados pelo grupo antes do lançamento de Meliora (título que, em latim, significa "melhor"). Os instrumentistas, todos igualmente denominados como Nameless Ghouls (algo como "Espíritos Sem Nome"), abandonaram suas vestes que lembravam os monges beneditinos e adotaram elegantes ternos e calças sociais, substituindo os capuzes e as máscaras de médicos medievais que cobriam seus rostos por uma máscara que lembra os faunos mitológicos. Além disso, o vocalista Papa Emeritus II foi "aposentado", sendo substituído por seu "irmão mais moço", devidamente nomeado Papa Emeritus III. OK, todos nós sabemos que os três vocalistas que passaram pela banda são a mesma pessoa (alegadamente Tobias Forge, vocalista das bandas Subvision e Repugnant), mas este novo sujeito, em suas apresentações ao vivo, em certo ponto abandonava a tradicional vestimenta de Papa, trajando ele também elegantes ternos e calças sociais, que, junto ao fato de não ser careca como seus antecessores, e a uma máscara bastante diferente das usadas antes (além de parecer mais ágil e magro em cena), realmente nos faz crer se tratar de uma pessoa diferente. Particularmente, acho muito legais estas "brincadeiras" que a banda faz, as quais se tornam uma eficiente e interessante ferramenta de marketing em tempos onde a indústria musical enfrenta uma crise sem precedentes em sua história.

O novo visual adotado pelo Ghost para a divulgação de Meliora

Voltando ao aspecto musical, a sonoridade desta renovação feita pela banda foi primeiro revelada no vídeo da canção "Cirice", onde uma "versão mirim" do grupo aparece em uma espécie de paródia ao filme "Carrie – A Estranha" (embora tão sinistra quanto sua fonte de inspiração). A canção me agradou, mas, por ser mais cadenciada, já dava mostras de que algo estava diferente na sonoridade do sexteto. Um segundo clipe, para a faixa "From the Pinnacle to the Pit", foi veiculado já depois do disco ter sido lançado, mas eu o conheci antes de escutar a obra completa, e o peso do baixo junto ao atrativo refrão levaram minhas expectativas lá para cima. Então eu ouvi o disco por inteiro, e algo não bateu. A sonoridade estava diferente dos registros anteriores, as músicas pareciam mais lentas, os riffs mais repetitivos, e aquela variação de estilos apresentada no segundo disco, Infestissumam (e no próprio EP de covers If You Have Ghost, ambos de 2013), pareciam ter sido deixados de lado. Eu fiquei com uma boa impressão do álbum, mas nada mais.

Aí a banda saiu em uma excursão acústica (intitulada "The Unholy/Unplugged Tour"), apresentando-se apenas com os vocais de Papa Emeritus III e os violões do baixista e de um dos guitarristas. Alguns vídeos (inclusive aparições em TVs dos EUA e Europa) foram divulgados no youtube, e depois os suecos iniciaram a parte "elétrica" da divulgação do álbum, com outros registros (inclusive de apresentações completas) surgindo na rede mundial da internet. E foi assistindo a vídeos como os registrados nas Deezer Sessions do site de mesmo nome, ou no programa Album De La Semaine, do Canal +, que minha ficha finalmente caiu: Meliora é, sim, um grande álbum!

Papa Emeritus III e dois dos Nameless Ghouls durante a "Unholy/Unplugged Tour"

Foi preciso que eu ouvisse as versões "on stage" de faixas como "Mummy Dust", "Majesty" (que "baita" refrão) ou "Spirit" (uma excelente escolha para abrir o disco, explicando o "conceito lírico" escolhido para este registro, que é o fato da humanidade estar enfrentando a "ausência de Deus e suas consequências", segundo declaração de um dos Nameless Ghouls) para perceber que elas podem, sim, ser mais lentas, repetitivas e "simples" perto de suas antecessoras, mas nem por isso possuem uma qualidade inferior àquelas (talvez seja até o contrário). Foi necessário um lyric video da faixa "He Is"para que eu sacasse a ironia de sua letra, e a beleza quase sacra de sua melodia, uma "trollada" genial quando sabemos a qual tipo de ser espiritual os textos do Ghost são direcionados. Foi através destes vídeos (muitos deles registrados de forma amadora pelos fãs nos shows pelo hemisfério norte) que eu me dei conta que "Absolution" é uma das melhores músicas já registradas pelos suecos, e que mesmo as vinhetas "Spöksonat" e "Devil Church" possuíam algo de sombrio e sinistro que eu não havia notado na audição do registro de estúdio. E, como "Deus in Absentia", faixa que encerra o álbum, não entrou nos set lists das apresentações do Ghost, deve ser por isso que ainda não consegui ter apreço por ela (apesar de seu refrão ser excelente - aliás, o Ghost é um dos melhores compositores de refrões que conheço, pois praticamente todas as suas músicas são bastante atrativas neste quesito).

Enfim, demorou algum tempo, mas, depois que eu consegui finalmente assimilar Meliora por completo (lembrando ainda que a edição especial em vinil conta com uma faixa extra, intitulada "Zenith", um pouco mais "pop" que suas colegas de track list, embora também soe sombria), pude finalmente entender porque ele foi apontado por tantos como um dos maiores destaques dentre os lançamentos de 2015, chegando inclusive a ganhar o grammy de melhor álbum de Hard Rock/Metal na edição daquele ano. Um prêmio merecidíssimo, agora eu compreendo, assim como o significado do título do álbum em relação à carreira deste sexteto sueco!

Contracapa da edição regular em vinil de Meliora

"You'll be down on your knees and you'll cry / Cry for absolution"

Track List:

1. Spirit
2. From the Pinnacle to the Pit
3. Cirice
4. Spöksonat
5. He Is
6. Mummy Dust
7. Majesty
8. Devil Church
9. Absolution
10. Deus in Absentia