Por Micael Machado
Houve um tempo em que discos ao vivo eram uma ocasião especial na carreira de uma banda. Quem não lembra de discos históricos registrados on stage nos anos 70 e 80? Com o tempo, os live albuns passaram a ser mais comuns, e até bandas com apenas um disco de estúdio lançavam o seu ao vivo para arrecadar uma grana extra.
Hoje em dia, esta é uma opção barata para gravar um produto e lançá-lo no mercado, o qual vê a venda de discos físicos cada vez caindo mais, não gerando mais os valores monetários que eram arrecadados em outros tempos, e, portanto, não permitindo mais gastos absurdos de estúdio para registrar uma coleção de gravações.
Um dos 71 (!) Cds ao vivo lançados pelo Pearl Jam
O próprio Pearl Jam já superou todos estes conceitos ao lançar no mercado, de uma só vez, em 2000, 25 discos com sua turnê europeia daquele ano. Pouco depois o grupo lançou 47 discos com shows da turnê americana, totalizando 71 CDs duplos e um triplo lançados em menos de um ano. De lá para cá, a banda sempre disponibilizou seus shows (ou a maior parte deles) para venda no seu site oficial, seja para download digital ou em meio físico. De quando em quando, alguns eram disponibilizados no mercado, a maioria em edições duplas, mas muitos em edições triplas, e até em box sets de cinco e sete CDs...
Tudo isso fez com que o fã do grupo de Seattle tenha hoje disponível coisa de uma centena de discos ao vivo espalhados pelas lojas, além de outras centenas disponíveis no site oficial (sem citar os DVDs)...
Sendo assim, o que leva o Pearl Jam a celebrar o seu vigésimo aniversário lançando outro álbum ao vivo? Qual o atrativo de mais um álbum do estilo na carreira do grupo?
Pearl Jam em 2005
Bem, com certeza existem atrativos, e eles não são poucos. Primeiro que Live on Ten Legs registra o Pearl Jam no palco, local onde a banda sempre mandou bem, sendo daquela escola de bandas que acredita que uma música ao vivo não precisa ser necessariamente igual à sua versão de estúdio, sendo permitidos improvisos e inserções de outras músicas durante a execução de uma peça específica. Compilado de shows registrados entre 2003 e 2010, na divulgação dos discos Riot Act, Pearl Jam (o popular “disco do abacate”) e Backspacer, a mixagem das músicas é surpreendente, e tem-se a impressão de estar ouvindo um show apenas, com todas as músicas aparentando terem sido gravadas na mesma data, apesar da diferença de até sete anos entre elas, e com uma qualidade sonora excepcional.
Segundo, que poucos são aqueles afortunados que tiveram condições de possuir todos os discos citados acima, ou pelo menos alguns deles. Para estes, o Pearl Jam ao vivo não é tão recorrente, sendo que muitos só ouviram a banda on stage no outro lançamento ao vivo normal feito pelo grupo, o disco Live on Two Legs (1998).
Mesmo aqueles que possuem várias apresentações live dos americanos encontrarão motivos para ouvir Live on Ten Legs. Os maiores serão, com certeza, as covers para “Arms Aloft” (original de Joe Strummer and the Mescaleros) e “Public Image” (do PIL, banda do ex-Sex Pistols John Lydon). Estas versões não estavam disponíveis em nenhum dos discos lançados no mercado, sendo conhecidas até então apenas pelos afortunados que compraram no site os shows em que foram registradas.
Além das covers, também é a oportunidade de ouvir pela primeira vez oficialmente como soam no palco músicas de Backspacer e Pearl Jam, que não foram registradas nas séries ao vivo disponíveis fora do site. E há também b-sides, como “State of Love and Trust” e “Yellow Ledbetter”, que não estavam em Live on Two Legs, apesar de constarem de muitos outros discos live do grupo.
Pearl Jam em 2010
Dito isto, apontar faixas de destaque é complicado. Ao menos uma música de cada álbum de estúdio lançado pelo grupo se faz presente (à exceção de No Code, não me perguntem por que), e cada um tem suas favoritas dentre a discografia do quinteto. É mais fácil apontar sentidas ausências. E elas existem em grande número, afinal compilar 20 anos de carreira em apenas um disco simples (mesmo que com quase 78 minutos) é uma tarefa impossível. Mas mesmo assim o disco agrada a quem o ouve, apesar de ficar um gosto de “quero mais” após o término da audição.
Pode não ser o registro ao vivo definitivo do Pearl Jam, e pode nem ser tão atraente para o fã mais dedicado, que possui muitas outras opções até melhores para ouvir a banda no palco. Mas é um belo disco que vem a somar na discografia deste que é um dos mais importantes grupos de rock dos últimos vinte anos. E que outros mais estejam por vir.
Track list:
1. Arms Aloft - 3:30
2. World Wide Suicide – 3:15
3. Animal – 2:39
4. Got Some – 2:59
5. State of Love and Trust – 3:17
6. I Am Mine – 3:24
7. Unthought Known – 3:55
8. Rearview Mirror – 7:00
9. The Fixer – 3:24
10. Nothing As It Seems – 5:14
11. In Hiding – 4:54
12. Just Breathe – 3:50
13. Jeremy – 5:23
14. Public Image – 2:52
15. Spin the Black Circle – 3:04
16. Porch – 6:28
17. Alive – 6:23
18. Yellow Ledbetter – 5:20
Track list:
1. Arms Aloft - 3:30
2. World Wide Suicide – 3:15
3. Animal – 2:39
4. Got Some – 2:59
5. State of Love and Trust – 3:17
6. I Am Mine – 3:24
7. Unthought Known – 3:55
8. Rearview Mirror – 7:00
9. The Fixer – 3:24
10. Nothing As It Seems – 5:14
11. In Hiding – 4:54
12. Just Breathe – 3:50
13. Jeremy – 5:23
14. Public Image – 2:52
15. Spin the Black Circle – 3:04
16. Porch – 6:28
17. Alive – 6:23
18. Yellow Ledbetter – 5:20
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