Por Micael Machado
Sabe aqueles discos que você gosta pra caral... , mas todos os que você conhece dizem que é uma grande bomba? Todos temos alguns discos assim, e essa coluna pretende tratar deles. Para começar, um dos meus discos favoritos do rock nacional dos anos 90, o Titanomaquia, dos Titãs.
É quase consenso que o melhor disco dos Titãs é Cabeça Dinossauro, de 1986. Assim como muitos acreditam que o último sopro de criatividade do grupo foi Õ Blesq Blom, de 1989. Mas existe um disco posterior que, apesar de massacrado pela crítica, desprezado pelos fãs e esquecido pela própria banda, merece uma nova audição e avaliação: Titanomaquia, de 1993.
Quando do lançamento do anterior Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, em 1991, os Titãs foram crucificados pela crítica musical. Na época, um novo rock estava surgindo no Brasil, com o manguebeat, os Raimundos e o Pato Fu. Lembro até hoje de uma resenha conjunta de Tudo ao Mesmo Tempo Agora e Os Grãos, dos Paralamas, na revista Bizz (ou Showbizz, sei lá), taxando os conjuntos de “dinossauros”, “ultrapassados” e coisas piores. A nova geração estava chegando, e os antigos ídolos deveriam ser esquecidos.
Não bastasse o repúdio da crítica, após a turnê do disco a banda viu a partida do vocalista e letrista Arnaldo Antunes, mais interessado em projetos pessoais do que no som que a banda fazia. Assim, reduzidos a um septeto, os integrantes se uniram para gravar aquele que é o disco mais agressivo de sua carreira, e, também por isso, um dos melhores.
Quando do seu lançamento, a crítica novamente caiu de pau, embora algumas resenhas tenham sido elogiosas. A banda parecia facilitar as coisas: o próprio título do álbum fazia referência à mitológica batalha onde Zeus venceu os Titãs. Foi fácil dizer que, como os antigos seres, também a banda se via derrotada.
Sabe aqueles discos que você gosta pra caral... , mas todos os que você conhece dizem que é uma grande bomba? Todos temos alguns discos assim, e essa coluna pretende tratar deles. Para começar, um dos meus discos favoritos do rock nacional dos anos 90, o Titanomaquia, dos Titãs.
É quase consenso que o melhor disco dos Titãs é Cabeça Dinossauro, de 1986. Assim como muitos acreditam que o último sopro de criatividade do grupo foi Õ Blesq Blom, de 1989. Mas existe um disco posterior que, apesar de massacrado pela crítica, desprezado pelos fãs e esquecido pela própria banda, merece uma nova audição e avaliação: Titanomaquia, de 1993.
Quando do lançamento do anterior Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, em 1991, os Titãs foram crucificados pela crítica musical. Na época, um novo rock estava surgindo no Brasil, com o manguebeat, os Raimundos e o Pato Fu. Lembro até hoje de uma resenha conjunta de Tudo ao Mesmo Tempo Agora e Os Grãos, dos Paralamas, na revista Bizz (ou Showbizz, sei lá), taxando os conjuntos de “dinossauros”, “ultrapassados” e coisas piores. A nova geração estava chegando, e os antigos ídolos deveriam ser esquecidos.
Não bastasse o repúdio da crítica, após a turnê do disco a banda viu a partida do vocalista e letrista Arnaldo Antunes, mais interessado em projetos pessoais do que no som que a banda fazia. Assim, reduzidos a um septeto, os integrantes se uniram para gravar aquele que é o disco mais agressivo de sua carreira, e, também por isso, um dos melhores.
Quando do seu lançamento, a crítica novamente caiu de pau, embora algumas resenhas tenham sido elogiosas. A banda parecia facilitar as coisas: o próprio título do álbum fazia referência à mitológica batalha onde Zeus venceu os Titãs. Foi fácil dizer que, como os antigos seres, também a banda se via derrotada.
As primeiras 60 mil cópias vinham embaladas em um saco preto como estes que se usa para embalar lixo (o que, por si só, já basta para torná-lo um “item de colecionador” – eu tenho o meu, original da época...), apenas com o título do álbum em um papel adesivo colado nele. As comparações entre o conteúdo do disco e o conteúdo usual do saco plástico não demoraram a surgir...
Ao perceberem que muitas das bandas que andavam ouvindo tinham o mesmo produtor, os músicos resolveram chamar o cara para a produção do seu disco. Este sujeito era ninguém mais, ninguém menos, que Jack Endino, então já famoso após ter produzido Bleach, o primeiro disco do Nirvana, que pode ser considerado o “pontapé inicial” do grunge, que então assolava o planeta. Foi o que bastou para a imprensa acusar a banda de estar embarcando na onda do momento, embora eu, fã do estilo, não consiga ver em nenhuma parte referências a Pearl Jam,Soundgarden ou Alice In Chains (e, ao Nirvana, só nos timbres de guitarra, mesmo assim em algumas partes...).
Praticamente natimorto, o disco teve apenas um sucesso radiofônico: a faixa de abertura “Será que é Isso o que Eu Necessito?”, pesada, suja, rockeira, com um belo trabalho vocal de Sérgio Britto, que, em certos trechos, chega a lembrar Phil Anselmo, do Pantera. A faixa seguinte, “Nem Sempre se Pode ser Deus”, também tocou um pouco nas rádios, e é outra bem “rocker”, embora ainda com o toque pop que a banda sempre teve.
"Disneylândia” tem uma das mais inteligentes letras do rock nacional dos anos 90, tratando dos efeitos da globalização com uma aguçada percepção. "Hereditário", a única cantada pelo baixista Nando Reis, é um pouco mais leve que as demais do disco, tanto que foi a única do álbum a ser incluída no Acústico MTV, anos depois. "Estados Alterados da Mente" trás mais peso e vocais agressivos, desta vez por Branco Mello. “Agonizando" é ainda mais pesada, e "De Olhos Fechados", que fecha o lado A, tem um pezinho no pop, principalmente no refrão, mas ainda assim é o peso quem domina.
Ao perceberem que muitas das bandas que andavam ouvindo tinham o mesmo produtor, os músicos resolveram chamar o cara para a produção do seu disco. Este sujeito era ninguém mais, ninguém menos, que Jack Endino, então já famoso após ter produzido Bleach, o primeiro disco do Nirvana, que pode ser considerado o “pontapé inicial” do grunge, que então assolava o planeta. Foi o que bastou para a imprensa acusar a banda de estar embarcando na onda do momento, embora eu, fã do estilo, não consiga ver em nenhuma parte referências a Pearl Jam,Soundgarden ou Alice In Chains (e, ao Nirvana, só nos timbres de guitarra, mesmo assim em algumas partes...).
Praticamente natimorto, o disco teve apenas um sucesso radiofônico: a faixa de abertura “Será que é Isso o que Eu Necessito?”, pesada, suja, rockeira, com um belo trabalho vocal de Sérgio Britto, que, em certos trechos, chega a lembrar Phil Anselmo, do Pantera. A faixa seguinte, “Nem Sempre se Pode ser Deus”, também tocou um pouco nas rádios, e é outra bem “rocker”, embora ainda com o toque pop que a banda sempre teve.
"Disneylândia” tem uma das mais inteligentes letras do rock nacional dos anos 90, tratando dos efeitos da globalização com uma aguçada percepção. "Hereditário", a única cantada pelo baixista Nando Reis, é um pouco mais leve que as demais do disco, tanto que foi a única do álbum a ser incluída no Acústico MTV, anos depois. "Estados Alterados da Mente" trás mais peso e vocais agressivos, desta vez por Branco Mello. “Agonizando" é ainda mais pesada, e "De Olhos Fechados", que fecha o lado A, tem um pezinho no pop, principalmente no refrão, mas ainda assim é o peso quem domina.
"Fazer o Quê?" abre o lado B, com uma bela introdução “macabra” de teclados, e o peso característico do álbum. "A Verdadeira Mary Poppins" e “Felizes são os Peixes" não lembram em nada a banda de Õ Blesq Blom, de tão pesadas e sujas que são. As três últimas, "Tempo pra Gastar", "Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguida de Orgia" (com letra extraída do livro homônimo do Marquês de Sade) e “Taxidermia", são um pouco inferiores às demais, mas não chegam a comprometer.
O peso e a sujeira do disco não foram bem aceitos por um público acostumado a um pop mais “inofensivo”. A banda, apesar do relativo fracasso comercial e da repulsa por parte da crítica, seguiu em frente, gravando o apenas mediano Domingo, em 1995, após uma curta separação para que seus membros dessem vazões a trabalhos solo. Então viria o convite para gravar o já citado “Acústico MTV”, que mostrou ao grupo que era no pop que estava a grana, não no rock visceral.
A partir daí, o grupo gravou o razoável Volume Dois e o terrível As Dez Mais (só com covers), perdeu o guitarrista Marcelo Fromer num estúpido acidente automobilístico, e o baixista e vocalista Nando Reis, que seguiu uma bem sucedida carreira solo. Gravou o fraco A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana e os risíveis Como Estão Vocês? e Sacos Plásticos, além de um ao vivo “elétrico” para a MTV e outro em conjunto com os parceiros dos Paralamas do Sucesso, o que não impediu o conjunto de seguir ladeira abaixo, queda agravada com a partida do baterista Charles Gavin no começo de 2010.
Se o futuro da banda é incerto, e as esperanças de um retorno aos “momentos de glória” parecem remotas, resta-nos voltarmos os ouvidos ao último sopro de criatividade da banda, não o experimental Õ Blesq Blom, mas o pesado e visceral (e incompreendido) Titanomaquia.
E você? Gosta do disco? Detesta? Não está nem aí para os Titãs? Deixe sua manifestação nos comentários, mas, se possível, depois de dar mais uma chance para o “disco pesado” da banda.
Track list:
1. Será que é Isso o que Eu Necessito?
2. Nem Sempre se Pode ser Deus
3. Disneylândia
4. Hereditário
5. Estados Alterados da Mente
6. Agonizando
7. De Olhos Fechados
8. Fazer o Quê?
9. A Verdadeira Mary Poppins
10. Felizes são os Peixes
11. Tempo pra Gastar
12. Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguida de Orgia
13. Taxidermia
Nenhum comentário:
Postar um comentário