Por Micael Machado
Faleceu no último domingo, dia 27, aos 71 anos de idade, o cantor e letrista nova-iorquino Lou Reed. Mais conhecido por seu trabalho liderando o grupo Velvet Underground no final dos anos 1960, e também por uma errática carreira solo após sair da banda na década seguinte, Reed era considerado um dos mais talentosos e ásperos compositores de sua geração.
Tendo nascido Lewis Allan Reed a 02 de março de 1942, Lou iniciou-se na carreira musical como compositor para a Pickwick Records em 1964. Após gravar um single para a canção “The Ostrich” no mesmo ano, que obteve uma boa repercussão, formou o grupo The Primitives para promovê-lo. Isto o levou a conhecer o músico galês John Cale, a quem se uniria para formar o Velvet, grupo que não conseguiu muito reconhecimento à época, mas hoje em dia é considerado como um dos mais importantes e influentes da história do rock. Durante aproximadamente cinco anos, Reed lançou quatro álbuns com o grupo, sendo que os dois primeiros, The Velvet Underground and Nico, de 1967, e White Light/White Heat, de 1968, foram recentemente eleitos dentre os dez melhores lançamentos de seus respectivos anos nas eleições efetuadas aqui mesmo no site Consultoria do Rock.
Lou Reed (acima à esquerda) nos tempos do Velvet Underground
Após deixar o Velvet, Lou iniciou uma carreira solo, a princípio apadrinhado por David Bowie e sua poderosa produtora Main Man. Mergulhando de cabeça na onda glam, Reed lançou Transformer em 1972, disco que continha aquela que seria sua composição mais conhecida, chamada “Walk On The Wild Side”. Em 1973, veio Berlin, álbum conceitual que trouxe enorme reconhecimento ao seu talento como compositor. A partir de então, seguiria uma carreira inconstante nas décadas seguintes, alternando álbuns reconhecidos a outros incompreendidos ou quase inaudíveis, como o duplo Metal Machine Music, de 1975, composto apenas de ruídos de feedback e registrado em forma de protesto contra sua gravadora à época.
Lou durante o período em que se dedicou ao Glam Rock
Após uma reaproximação com Cale em 1990, lançou Songs For Drella, dedicado a Andy Warhol, padrinho musical e artístico do Velvet em seus primeiros anos, o que o levou a uma turnê ao lado de seu antigo grupo em 1993, em um retorno que acabou frustrado devido às diversas diferenças pessoais entre os integrantes do conjunto, com Reed retornando então à sua carreira solo.
John Cale e Lou Reed, na época de Songs For Drella
Em 2011, atraiu a atenção da mídia mundial ao ter o Metallica como grupo de apoio no álbum conceitual Lulu, que recebeu pesadas críticas da imprensa especializada, que não compreendeu a ideia nem a forma “falada” que Lou utilizou para recitar suas letras no disco, algo que não era, de forma alguma, novidade para seus fãs. Não que o álbum fosse assim uma maravilha, ou que as críticas tenham sido completamente infundadas, mas o preconceito com o registro acabou não dando oportunidades a algumas boas composições, como “Iced Honey” ou “The View”.
Reed (ao centro) e o Metallica, grupo com quem registrou um de seus últimos trabalhos
Casado com a compositora e instrumentista Laurie Anderson (com quem se relacionava desde a década de 1980) desde 2008, Reed havia passado por um transplante de fígado em maio deste ano, e sido internado em julho com um severo quadro de desidratação. Embora a causa oficial de sua morte ainda não tenha sido anunciada, tudo indica que estas duas situações tenham contribuído para seu falecimento. Parte um músico extremamente talentoso, muitas vezes incompreendido, com um talento ímpar e enorme no mundo do rock. Mas, com certeza, morre com ele uma parte da história do estilo, sem deixar um substituto à altura para tomar seu lugar.
Laurie Anderson e Lou Reed
Tenha uma boa caminhada no lado selvagem, Lou!
Doo, doo-doo, doo-doo, doo, doo-doo, doo...
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