Por Micael Machado
Oriundos da cidade de Crawley, na Inglaterra, Robert Smith (vocais e guitarra) e Michael "Mick" Dempsey (baixo e vocais), que já tocavam juntos em bandas como The Obelisk e Malice desde 1973, uniram-se ao baterista Laurence "Lol" Tolhurst e ao guitarrista Porl Thompson para formar o Easy Cure em 1977. Após uma frustrada passagem pelo selo Hansa (onde assinaram um contrato, mas não chegaram a lançar nenhum material oficial) e a partida de Thompson, o trio remanescente mudou seu nome para The Cure, e registrou uma demo que chamou a atenção de Chris Parry, então executivo da poderosa Polydor Records. Parry assinou o grupo com seu novo selo, Fiction, e em dezembro de 1978 a banda lançou seu primeiro single (curiosamente pelo selo Small Wonder, devido a problemas de logística envolvendo a ainda iniciante nova gravadora do trio), intitulado "Killing an Arab".
Desde então, foram mais de trinta e cinco anos de muitos sucessos, polêmicas, mudanças de estilo e de componentes, hits nas paradas, a transformação do nome do grupo praticamente em um sinônimo do estilo gothic rock (embora seu espectro musical seja muito mais amplo que o limitado por esta denominação), e legiões de fãs angariados, tendo sempre à frente o carismático Robert "Bob" Smith, uma das figuras mais interessantes do show business mundial, um ícone da década de 1980, um dos maiores compositores do pop rock britânico, e um sinônimo de ídolo para milhões de pessoas ao redor do planeta.
Confira, aqui e em continuação a ser publicada semana que vem, um pouco da trajetória musical de Bob Smith e seus comparsas, e que a "cura" chegue à sua alma!
Robert Smith, Michael Dempsey e Laurence Tolhurst: o começo do The Cure
Three Imaginary Boys [1979]
Apesar de carecerem de uma produção melhor (conduzida por Mike Hedges), os pouco mais de trinta e três minutos do primeiro álbum do Cure já davam indícios da capacidade criativa do grupo, em canções como "10:15 Saturday Night" (com claras evidências do pós-punk inglês, e até mesmo um curto solo de baixo), a animada "Fire in Cairo" e a melancólica (mas excelente) faixa título, que acabaram virando clássicos do grupo, sendo que não se pode deixar de citar a bela e tristonha "Another Day" (a mais próxima dos rumos que a banda tomaria em lançamentos futuros), a soturna "Accuracy" (com bateria bem marcada e boas linhas de baixo) e a curta "Subway Song" (com Robert na harmônica, e que na edição original termina com um grito desesperado), típicas representantes do pós-punk britânico do período. Por outro lado, "Grinding Halt", "Object", "It's Not You" e "So What" são agitadas e dançantes, soando quase alegres (não fossem as letras), e mostrando que a morbidez e a infelicidade ainda não tinham tomado conta do jovem Bob Smith. O ponto mais baixo do disco é a cover desconjuntada e quase irreconhecível para "Foxy Lady", gravada durante uma sessão de ensaios (com Michael Dempsey fazendo um trabalho terrível nos vocais principais), e que, segundo Smith, não deveria ter figurado no track list final, estando presente por decisão da gravadora, que também escolheu a arte da capa, sem sequer consultar o grupo. Esta canção, bem como a marcada "Meathook" e as citadas "It's Not You" e "So What" (ou "Object", dependendo da edição) não aparecem na versão lançada nos EUA e na Austrália em 1980 (chamada Boys Don't Cry, com uma arte de capa diferente), que, além destas
ausências e da mudança na ordem das faixas, ainda acrescenta a faixa "World War" (outra composição típica do estilo pós-punk) e os singles "Boys Don't Cry" (junto com seu lado B, "Plastic Passion") e "Killing an Arab" (com letra baseada no romance "L'Étranger", de Albert Camus, e que, anos depois, iria causar muita dor de cabeça ao Cure devido aos problemas bélicos no Golfo Pérsico, sendo a única que não aparece em nenhuma reedição oficial dos álbuns de estúdio). Embora soe até ingênuo em certos momentos, e possua uma sonoridade bastante diferente daquela que o grupo adotaria em trabalhos futuros (tanto em termos de estilo quanto de timbres, vide por exemplo a voz de Smith, em alguns momentos soando quase infantil), Three Imaginary Boys é uma boa estreia, e, assim como outros álbuns do grupo, recebeu uma reedição deluxe em 2004 com um disco bônus recheado de demos, faixas ao vivo, sobras de estúdio e até mesmo composições da época do Easy Cure, estas com a presença de Porl Thompson na guitarra solo.
ausências e da mudança na ordem das faixas, ainda acrescenta a faixa "World War" (outra composição típica do estilo pós-punk) e os singles "Boys Don't Cry" (junto com seu lado B, "Plastic Passion") e "Killing an Arab" (com letra baseada no romance "L'Étranger", de Albert Camus, e que, anos depois, iria causar muita dor de cabeça ao Cure devido aos problemas bélicos no Golfo Pérsico, sendo a única que não aparece em nenhuma reedição oficial dos álbuns de estúdio). Embora soe até ingênuo em certos momentos, e possua uma sonoridade bastante diferente daquela que o grupo adotaria em trabalhos futuros (tanto em termos de estilo quanto de timbres, vide por exemplo a voz de Smith, em alguns momentos soando quase infantil), Three Imaginary Boys é uma boa estreia, e, assim como outros álbuns do grupo, recebeu uma reedição deluxe em 2004 com um disco bônus recheado de demos, faixas ao vivo, sobras de estúdio e até mesmo composições da época do Easy Cure, estas com a presença de Porl Thompson na guitarra solo.
Robert Smith, Matthieu Hartley, Simon Gallup e Lol Tolhurst: primeiras mudanças
Seventeen Seconds [1980]
Com a partida de Michael Dempsey e a chegada do baixista Simon Gallup junto ao tecladista Matthieu Hartley (ambos ex-Magazine Spies, grupo também conhecido por Magspies), a sonoridade do agora quarteto começou a mudar, ficando mais sombria, minimalista, etérea, melancólica e depressiva (lembrando a do Joy Division, como alguém já comparou um dia), e aproximando o grupo do chamado estilo gothic rock (que eu, particularmente, sempre considerei um pós-punk mais soturno), com Smith declarando anos depois que tinha intenção de que o disco soasse "funebre, porém apaixonado". Exemplos disso são "In Your House", a curta "Three" (uma das mais soturnas) e "At Night" (inspirada pela novela de mesmo nome escrita por Franz Kafka), com linhas de baixo que se sobressaem e bateria bem seca e marcada, além do teclado gélido e impessoal, inspirado sem dúvidas pela sonoridade do álbum Low, de David Bowie. Também se encaixa nesta descrição boa parte da excelente faixa título, além de "A Forest", o grande hit do álbum (e que, nos palcos, foi ficando cada vez mais sombria com o passar dos anos), sendo que, para mim, o grande destaque do track list é a agitada "Play For Today", faixa que entrou para o rol das favoritas dos fãs, sendo especialmente tocante a versão presente no disco ao vivo Paris, onde o público entoa o tempo todo as linhas instrumentais da canção. Embora sua sonoridade melancólica, "Secrets" ainda mostra um pouco de animação em seu andamento, assim como "M", mas nada que chegue perto da definição de "divertido", e o disco se completa com a vinheta de introdução, intitulada "A Reflection" (que traz notas de piano e guitarra em um tema lento e carregado de melancolia) e a faixa de abertura do lado B (outra vinheta intitulada "The Final Sound"), com teclados e pianos de tons assustadores, a qual não chega a durar nem um minuto, pois, embora tenha sido composta para ter uma duração maior, acabou ficando assim mesmo após a fita acabar durante a gravação no estúdio, sendo que a banda não tinha nem tempo nem recursos financeiros para regravá-la (o disco inteiro foi registrado em apenas sete dias por questões econômicas, o que dá uma ideia do status do grupo à época). Em 2005, Seventeen Seconds também recebeu uma reedição deluxe, com um disco bônus recheado de demos, faixas ao vivo e os dois lados do single "I'm a Cult Hero", lançado ainda em 1979 pela banda Cult Hero, um projeto integrado pelos quatro membros do The Cure à época, mais Porl Thompson nas guitarras e o carteiro da área onde Robert Smith morava então, Frank Bell, nos vocais (as mesmas duas músicas deste grupo, em versões ao vivo, também fazem parte do track list desta reedição). Um bom disco, que Smith considera como a verdadeira estreia do grupo (visto que a gravadora teve grande influência na concepção final do álbum anterior), e onde as sombras começavam a baixar sobre a alma de compositor de Bob Smith...
Com a partida de Hartley, o trio remanescente (Smith, agora assumindo também os teclados, Tolhurst e Gallup), lidando com um crescente abuso de substâncias químicas ilegais e consumo de álcool, gravou um disco ainda mais lúgubre e depressivo que o anterior (apesar da quase alegria presente no arranjo de "Primary", o grande hit do álbum, e "Doubt", com guitarras até pesadas para os padrões do The Cure), e ainda mais focado na chamada sonoridade do gothic rock, que aparece com predominância em faixas como "The Holy Hour", a angustiante "The Drowning Man", "All Cats Are Grey" (conduzida por gélidos teclados, e sem a presença da guitarra), "The Funeral Party" e a faixa título (duas das composições mais lúgubres que o grupo já registrou), sendo "Faith" a mais longa de sua discografia até então, beirando os sete minutos e com uma longa introdução instrumental, algo que apareceria bastante daí em diante nos registros de Bob Smith e companhia. "Other Voices", apesar de lúgubre, não é tão tristonha, e a versão em cassete original continha ainda uma faixa instrumental com quase vinte e oito minutos de muita tristeza e melancolia, chamada "Carnage Visors", que serviu de trilha sonora para o curta de animação que levava o mesmo nome da música, e que era exibido antes dos shows da turnê de 1981. Esta canção apareceu como parte do primeiro disco da reedição deluxe de 2005, que continha as usuais demos, faixas ao vivo e sobras de estúdio no segundo CD, além da faixa título do single "Charlotte Sometimes". Faith e Seventeen Seconds também foram reunidos em um álbum duplo lançado em 1981 apenas nos EUA, chamado Happily Ever After, sendo que nenhum dos dois foi disponibilizado individualmente no país até 1986.
Simon Gallup, Robert Smith e Lol Tolhurst: uma formação estável, mas não por muito tempo
Pornography [1982]
O crescente abuso de drogas e álcool dos membros do grupo estava cobrando o seu preço. Smith, Tolhurst e Gallup já não tinham mais um bom relacionamento pessoal, e o cantor, particularmente, se sentia em profunda depressão e em estado de exaustão. Decidindo que não era possível continuar desta maneira, Smith decidiu que aquele seria o último álbum do The Cure, e que o mesmo seria um sonoro "foda-se" a todas as circunstâncias ruins pelas quais vinha passando à época, contendo a música mais perturbadora e insuportável possível. É por isso que o primeiro verso da primeira faixa (a hoje clássica "One Hundred Years", maior hit do disco, e que possui uma atmosfera sufocante e opressiva) é "não importa se todos nós morrermos". Este sentimento de desilusão e abandono é passado em músicas como "A Short Term Effect", "Siamese Twins", "The Figurehead" (que acabaria se tornando uma das favoritas dos fãs nas apresentações ao vivo), a gélida "Cold" (conduzida pelos teclados, agora operados pelos três componentes da banda, e sem a presença de guitarras) e, principalmente, a faixa título, uma das músicas mais "insanas" já registrada pelos ingleses, com um ritmo repetitivo conduzido pelos teclados e uma atmosfera de loucura e perturbação mental facilmente perceptível ao longo de seus quase sete minutos. "The Hanging Garden", um dos destaques do play, é bem mais animada, com uma bateria quase tribal, mas mantém um clima opressivo em seu arranjo, assim como a linda "A Strange Day", semi-balada que conquistaria os seguidores de Smith logo de cara. Pela primeira vez o The Cure mudava de produtor, tendo ao lado do grupo desta vez Phil Thornalley, que depois teria um papel ainda maior na história do conjunto. Curiosamente, apesar de ser o disco mais "sombrio" do trio até então, e das letras "pesadas" e nada agradáveis (descritas certa vez como o "auto-retrato de um alienado psicopata disfuncional", seja lá o que isso for), este foi o registro que chegou mais alto nas paradas nesta primeira fase, atingindo o número 8 na parada britânica, e configurando a primeira vez que o The Cure atingia o Top 10. Isto obrigou o grupo a fazer uma turnê de promoção que por pouco não foi abandonada no meio, e, quando finalmente terminou, viu Simon Gallup sair da banda, sendo que neste intervalo ele e Smith chegaram às vias de fato depois de um show na França. Pornography também recebeu uma edição deluxe em 2005, com as habituais demos e faixas ao vivo, além da presença da sombria "Airlock: The Soundtrack", trilha sonora instrumental do curta que servia como introdução aos concertos da turnê. Cabe citar também que, por muito tempo, os fãs consideraram os três álbuns mais recentes até então (Seventeen Seconds, Faith, e Pornography) como integrantes de uma "trilogia negra" do grupo, mas o lançamento do DVD Trilogy, em 2003 (onde o último é interpretado na íntegra), veio a descaracterizar esta classificação.
Robert Smith e Lol Tolhurst: "sobramos apenas nós dois"!
Após a partida de Gallup, Lol Tolhurst assumiu os teclados e a programação de bateria eletrônica, deixando Smith com a guitarra, vocais e o baixo, além do cantor ter se tornado membro efetivo do grupo Siouxsie and the Banshees (atuando apenas como guitarrista, e com o qual gravaria o disco ao vivo Nocturne, em 1983, e o álbum Hyaena em 1984, além do single Dear Prudence, com a faixa título sendo um cover para a canção de mesmo nome dos Beatles) e ter criado, ao lado de Steven Severin (dos Banshees) e da vocalista Jeanette Landray, o projeto The Glove, que lançou o álbum Blue Sunshine em 1983 (com a participação de Andy Anderson na bateria). O duo Smith/Tolhurst lançou, sob o nome The Cure, dois compactos simples e um compacto duplo entre novembro de 1982 e outubro de 1983, e os três itens foram reunidos na compilação Japanese Whispers, um dos itens de sonoridade mais "estranha" na discografia do grupo, visto não ter sido concebido como uma obra única. "Let's Go to Bed" e "Just One Kiss" fazem parte do single que leva o nome da primeira (e que tem a presença de Steve Goulding na bateria, músico que já havia tocado com Elvis Costello e o grupo Associates), sendo esta uma faixa criada com intenções sarcásticas por Smith para ser uma espécie de "deboche" ao pop rock da época, e que, surpreendendo a todos, acabou se tornando um hit, entrando no Top 50 inglês e chegando ao número 15 na Austrália. Já a segunda é bem mais sombria, chegando a parecer uma sobra do disco Faith. Quatro músicas vieram do single The Walk: a faixa título, outro grande hit da banda (e o momento mais "eletrônico" do The Cure até então), "The Upstairs Room" (de clima leve e dançante), "The Dream" (com teclados típicos do pop eletrônico do início dos anos 1980), e "Lament" (um pouco mais sombria), onde a dupla Smith/Tolhurst experimentou bastante com ritmos eletrônicos, batidas dançantes e andamentos bastante fora do convencional quando se trata de The Cure. As duas canções que completam o track list ("The Love Cats", talvez a música mais pop já gravada por Smith até então, a qual se tornou mais um hit na carreira do grupo, e "Speak My Language", de andamento similar à anterior) vieram do single The Love Cats, onde pela primeira vez o produtor Phil Thornalley assumia o baixo em um registro do The Cure, com a formação em quarteto sendo completada pela estreia de Andy Anderson na bateria (ele que já havia participado do disco do The Glove), sendo que "Mr. Pink Eyes", faixa presente na versão 12" deste último single, acabou ficando de fora de Japanese Whispers, que foi planejado para ser um item exclusivo do mercado japonês, mas acabou recebendo um lançamento mundial por decisão da gravadora. Embora as drogas e o álcool ainda afetassem muito a Smith e Tolhurst, estes três singles podem ser considerados como a descoberta de que a música do The Cure podia conter passagens alegres, algo que faria muito bem ao grupo tanto musicalmente quanto em termos de retorno do público nos próximos anos. Mas ainda havia um último estágio de trevas a ser ultrapassado antes da chegada ao topo do pop mundial.
Robert Smith, Lol Tolhurst, Andy Anderson e Phil Thornalley: apenas um single como quarteto
The Top [1984]
Com o baixista e produtor Phil Thornalley na Austrália (envolvido na engenharia de som para o vindouro disco do Duran Duran) e Lol Tolhurst praticamente impossibilitado de tocar devido aos abusos químicos e alcoólicos, Robert Smith se viu gravando praticamente sozinho o novo álbum de sua banda (enquanto registrava, no mesmo período de tempo, as guitarras para o disco Hyaena, do Siouxsie and the Banshees), contando apenas com a presença de Andy Anderson na bateria e do retorno temporário de Porl Thompson, que registrou alguns saxofones em certas faixas como músico convidado. The Top é quase um álbum solo do vocalista, e aquele que mais próximo o levou de ter um colapso mental. Se faixas como "The Caterpillar" (com Bob ao violino) ou "Bananafishbones" (e seu andamento estranho) refletiam um pouco da alegria registrada nos singles do ano anterior, canções como as opressivas e sufocantes "Shake Dog Shake" (talvez o maior destaque do track list, virando presença constante nos set lists do grupo daí em diante) e "Wailing Wall" (inspirada por uma visita de Smith ao muro das lamentações junto aos Banshees), além da gélida "The Empty World" (com seu andamento marcial e teclados quase alegres), traziam de volta toda a atmosfera pesada dos discos anteriores, algo que também aparece na nervosa "Give Me It", na baladona tristonha "Dressing Up" e em faixas como "Bird Mad Girl" (com violões flamencos na harmonia) e a agonizante "Piggy in the Mirror" (outro destaque), as quais, apesar de terem uma batida dançante, possuem um sentimento de melancolia em seus arranjos, o qual chega ao seu máximo na faixa título, uma das músicas mais sufocantes e agoniantes que o The Cure já registrou. Um disco estranho, de audição difícil e angustiante (que teve a "honra" de ser o primeiro registrou do grupo a não superar o lançamento anterior nas paradas), mas, depois que você se acostuma com seu misto de tristeza e aparente felicidade (sempre com uma pontinha de melancolia por detrás), acaba por revelar algumas pérolas da discografia do grupo.
Phil Thornalley, Porl Thompson, Robert Smith, Andy Anderson e Lol Tolhurst: a formação do primeiro disco ao vivo, Concert
Com Porl Thompson assumindo guitarras e saxofone para a turnê de promoção ao disco The Top, o agora quinteto registrou seu primeiro disco ao vivo, intitulado Concert (1984), com apenas dez faixas em pouco mais de quarenta minutos, os quais cobriam muito bem estes primeiros anos do The Cure, embora deixassem um gosto de "quero mais" no ouvinte. A versão original em cassete deste registro tinha no lado B um segundo álbum chamado Curiosity (Killing the Cat): Cure Anomalies 1977–1984, com faixas raras registradas ao vivo desde os tempos de Easy Cure até a então recente turnê, incluindo o único registro oficial até então de "Forever", canção que o grupo executou diversas vezes em suas apresentações ao longo dos anos, mas que nunca recebeu uma versão de estúdio. Este álbum nunca foi reeditado em nenhum formato, o que o torna uma das grandes raridades do conjunto, e suas faixas hoje encontram-se disponíveis apenas nas versões deluxe dos primeiros discos da banda, onde estão espalhadas pelos mesmos de acordo com o ano de gravação.
Phil Thornalley, antes um produtor do que um músico, não aguentou os excessos da estrada e resolveu sair do grupo ao final da turnê. Andy Anderson foi demitido ainda antes disso, após destruir um quarto de hotel e se desentender com os outros membros do grupo. Boris Williams (ex-membro dos Thompson Twins) assumiu a bateria, e, após um encontro organizado por um roadie da banda, Simon Gallup retornou às quatro cordas do The Cure, desta vez para nunca mais sair. Com a nova formação, Bob Smith sentia seu grupo renascido, e pronto para conquistar de vez o mundo, mas o que estava por vir ainda era muito maior do que ele sonhava, como você confere na semana que vem.
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