Por Micael Machado
Nunca fui lá muito fã do Bad Company, mas não reconhecer o talento de seus membros ou a importância do grupo para a música dos anos 70, especialmente, seria um absurdo de minha parte. Formado em 1973, o quarteto foi um dos primeiros "supergrupos" do rock, tendo em suas fileiras o vocalista Paul Rodgers e o baterista Simon Kirke (ambos ex-membros do Free), ao lado do guitarrista Mick Ralphs (ex-Mott the Hoople) e do baixista Boz Burrell (ex-King Crimson). Auxiliados pelo poderoso empresário Peter Grant (também manager do Led Zeppelin, cuja gravadora, a Swan Song, contratou os rapazes pouco depois de se unirem), fizeram um enorme sucesso com seis discos até 1982, quando a pressão da vida na estrada e os excessos da fama fizeram com que o grupo se separasse. Kirke e Ralphs mantiveram a banda na ativa ao longo das duas décadas seguintes, porém com muito menos sucesso e prestígio, lançando álbuns que não se equiparavam aos seus primeiros trabalhos.
Eis que, em 2008, o trio Rodgers, Kirke e Ralphs (Burrell, infelizmente, faleceu em 2006 devido a um ataque cardíaco) se apresentou nos Estados Unidos em um show que resultaria no CD e DVD Hard Rock Live, em 2010. Daí em diante, mesmo com o vocalista compromissado com o projeto Queen + Paul Rodgers, a banda continuou fazendo apresentações esporádicas, como a acontecida em 11 de abril de 2010, na Wembley Arena de Londres, espetáculo registrado neste excelente DVD, lançado no mercado brasileiro pela gravadora ST2.
Paul Rodgers comandando a banda e o público
Abrindo com a clássica "Can't Get Enough", o show mostra que o trio original continua em excelente forma, acompanhados pelos "novatos" Howard Leese (ex-Heart) na guitarra e Lynn Sorensen no baixo, sujeito que me lembrou muito Geezer Butler, do Black Sabbath, tanto na aparência como na maneira de se portar no palco (embora o som que saia de seu baixo seja muito mais leve). A musicalidade do quinteto é latente, assim como a experiência dos músicos, o que faz com que o conjunto domine facilmente tanto o palco quanto a plateia que lotava a Arena.
O Bad Company é conhecido como uma banda de hard rock, mas seu estilo musical é muito mais "leve" do que o de um Deep Purple, um Cactus ou um Mountain, outros "representantes" do estilo. Para mim, o Bad Co. é puro rock setentista (vide "Movin' On", "Shooting Star", onde diversas imagens de ídolos do rock que já foram para outro plano são apresentadas no telão atrás da banda, ou "Deal With the Preacher", que encerra a apresentação), tendo também um pezinho no country caipira (como em "Honey Child", que não soaria deslocada em um disco do Lynyrd Skynyrd, por exemplo) e a capacidade de compor lindas baladas, visto "Seagull", apenas com Rodgers e Ralphs aos violões, ou a linda "Simple Man", com um jeitão de "épico" em seu arranjo. O grupo também coloca um pé e meio no que viria a ser chamado de AOR, como se confere na semi-pesada "Gone Gone Gone" (dedicada ao saudoso Burrell), na própria "Can't Get Enough" ou na semi-balada "Ready for Love".
A dupla de guitarristas: Howard Leese e Mick Ralphs
Individualmente, Rodgers é o grande destaque, com sua performance de palco ainda compatível com sua fama de ser um dos melhores frontman da história do rock, além de tocar piano (como em "Run With the Pack", que conta com excelentes trechos de guitarra, e na clássica "Bad Company", minha favorita dentre as que conheço das canções do grupo) e violão (na citada "Seagull"), mas Ralphs e Leese também aparecem bastante, com o segundo, apesar de ser um músico "contratado", tendo uma grande participação sob os holofotes, seja por sua jaqueta estilosa (ao estilo de um General da guerra de Secessão), seja por seu talento ao instrumento, chegando inclusive a tocar um mandolin em "Feel Like Makin' Love" (música que conta com Rodgers na harmônica). Kirke, apesar de grande baterista, é meio discreto em seu kit, e a citada semelhança de Sorensen com um dos meus ídolos no instrumento fez com que minha capacidade avaliativa ficasse prejudicada enquanto assistia ao vídeo.
O track list ainda conta com a clássica "Rock and Roll Fantasy" (cuja linha de baixo me lembrou algo de Disco Music - lembrando que a versão original é de 1979), "Young Blood" e "Electric Land", duas canções que não me agradaram muito, além da rockeira "Burnin' Sky", que não está presente na versão em CD lançada junto ao DVD, e que tem um rótulo muito legal, imitando um vinil.
A qualidade de som e imagem é excelente, e o DVD ainda conta com quase vinte minutos de uma entrevista com a banda falando sobre a turnê e o show de Wembley em si, tanto antes quanto depois de estarem no palco, bem como algumas palavras dos fãs que estavam lá para assistir ao concerto. Cabe ressaltar que o forte sotaque britânico da entrevistadora e dos três membros originais (os outros dois são americanos) pode ser um complicador para quem assiste, ainda mais que o DVD não tem opções de legendas em português, apenas em inglês, alemão, francês e espanhol.
Live at Wembley é um item bastante recomendável mesmo para aqueles que, como eu, não são profundos conhecedores da carreira do grupo, mas curtem a sonoridade típica da década de setenta. Se você for fã da "má companhia", então já deve ter o mesmo em sua prateleira, caso contrário, está perdendo um excelente item!
Live at Wembley é um item bastante recomendável mesmo para aqueles que, como eu, não são profundos conhecedores da carreira do grupo, mas curtem a sonoridade típica da década de setenta. Se você for fã da "má companhia", então já deve ter o mesmo em sua prateleira, caso contrário, está perdendo um excelente item!
Contracapa do DVD
"Bad Company, it's the way I play / Bad company, till the day I die"
Track List:
01. Can't Get Enough
02. Honey Child
03. Run With the Pack
04. Burnin' Sky
05. Young Blood
06. Seagull
07. Gone Gone Gone
08. Electric Land
09. Simple Man
10. Feel Like Makin' Love
11. Shooting Star
12. Rock and Roll Fantasy
13. Movin'on
14. Ready for Love
15. Bad Companyk
16. Deal With the Preacher
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